Chaves: o legado e desafios: Boaventura de Sousa Santos

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS é um grande amigo do Brasil, sociólogo  entre Coimbra e Austin (USA), um dos fundadores do Forum Social Mundial. É um dos mais destacados pensadores do processo de globalização pensado a partir do Grande Sul onde estão as principais vítimas desse processo mais que tudo de expoliação capitalista econômico-financeira. Há muitas controvérsias sobre o falecido Presidente da Venezuela Hugo Chaves, carismático e popular. Era um dos poucos no mundo que dizia a verdade sobre como funciona o Capitalismo e como não está em nada interessado em tomar medidas contra o aquecimento global. Era um opositor declarado do imperialismo norte-americano e ocidental, coisa que quase ninguém do nosso lado assume. Prefere enquadar-se mesmo a contra-gosto. Estive muitas vezes na Venezuela, antes de Chavez e pude ver favelas, como a de Belen, uma das piores que encontrei no mundo. A oligarquia dominava e era altamente corrupta e anti-social. Publicamos este artigo de Boaventura de Sousa Santos que esteve muitas vezes na Venezuela e que nos dá um quadro objetivo do que foi o carisma de Chavez e os desafios que se apresentam para o futuro. LBoff

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Morreu o líder político democrático mais carismático das últimas décadas. Quando acontece em democracia, o carisma cria uma relação política entre governantes e governados particularmente mobilizadora, porque junta à legitimidade democrática uma identidade de pertença e uma partilha de objetivos que está muito para além da representação política. As classes populares, habituadas a serem golpeadas por um poder distante e opressor (as democracias de baixa intensidade alimentam esse poder) vivem momentos em que a distância entre representantes e representados quase se desvanece. Os opositores falarão de populismo e de autoritarismo, mas raramente convencem os eleitores. É que, em democracia, o carisma permite níveis de educação cívica democrática dificilmente atingíveis noutras condições. A difícil química entre carisma e democracia aprofunda ambos, sobretudo quando se traduz em medidas de redistribuição social da riqueza. O problema do carisma é que termina com o líder. Para continuar sem ele, a democracia precisa de ser reforçada por dois ingredientes cuja química é igualmente difícil, sobretudo num imediato período pós-carismático: a institucionalidade e a participação popular.

Ao gritar nas ruas de Caracas “Todos somos Chávez!” o povo está lucidamente consciente de que Chávez houve um só e que a revolução bolivariana vai ter inimigos internos e externos suficientemente fortes para pôr em causa a intensa vivência democrática que ele lhes proporcionou durante catorze anos. O Presidente Lula do Brasil também foi um líder carismático. Depois dele, a Presidenta Dilma aproveitou a forte institucionalidade do Estado e da democracia brasileiras, mas tem tido dificuldade em complementá-la com a participação popular. Na Venezuela, a força das instituições é muito menor, ao passo que o impulso da participação é muito maior. É neste contexto que devemos analisar o legado de Chávez e os desafios no horizonte.

O legado de Chávez

Redistribuição da riqueza. Chávez, tal como outros líderes latino-americanos, aproveitou o boom dos recursos naturais (sobretudo petróleo) para realizar um programa sem precedentes de políticas sociais, sobretudo nas áreas da educação, saúde, habitação e infraestruturas que melhoraram substancialmente a vida da esmagadora maioria da população. Alguns exemplos: educação obrigatória gratuita; alfabetização de mais de um milhão e meio de pessoas, o que levou a UNESCO a declarar a Venezuela como “território libre de analfabetismo”; redução da pobreza extrema de 40% em 1996 para 7.3% hoje; redução da mortalidade infantil de 25 por 1000 para 13 por mil no mesmo período; restaurantes populares para os sectores de baixos recursos; aumento do salário mínimo, hoje o salário mínimo regional mais alto, segundo la OIT. A Venezuela saudita deu lugar à Venezuela bolivariana.

A integração regional. Chávez foi o artífice incansável da integração do subcontinente latino-americano. Não se tratou de um cálculo mesquinho de sobrevivência e de hegemonia. Chávez acreditava como ninguém na ideia da Pátria Grande de Simón Bolívar. As diferenças políticas substantivas entre os vários países eram vistas por ele como discussões no seio de uma grande família. Logo que teve oportunidade, procurou reatar os laços com o membro da família mais renitente e mais pró-EUA, a Colômbia. Procurou que as trocas entre os países latino-americanos fossem muito para além das trocas comerciais e que estas se pautassem por uma lógica de solidariedade, complementaridade económica e social e reciprocidade, e não por uma lógica capitalista. A sua solidariedade com Cuba é bem conhecida, mas foi igualmente decisiva com a Argentina, durante a crise da dívida soberana em 2001-2002, e com os pequenos países das Caraíbas.

Foi um entusiasta de todas as formas de integração regional que ajudassem o continente a deixar de ser o backyard dos EUA. Foi o impulsionador da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), depois ALBA-TCP (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América- Tratado de Comércio dos Povos) como alternativa à ALCA (Área de livre Comércio das Américas) promovida pelos EUA, mas também quis ser membro do Mercosul. CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) são outras das instituições de integração dos povos da América Latina e Caribe a que Chávez deu o seu impulso.

Anti-imperialismo. Nos períodos mais decisivos da sua governação (incluindo a sua resistência ao golpe de Estado de que foi vítima em 2002) Chávez confrontou-se com o mais agressivo unilateralismo dos EUA (George W. Bush) que teve o seu ponto mais destrutivo na invasão do Iraque. Chávez tinha a convicção de que o que se passava no Médio-Oriente viria um dia a passar-se na América Latina se esta não se preparasse para essa eventualidade. Dai o seu interesse na integração regional. Mas também estava convencido de que a única maneira de travar os EUA seria alimentar o multilateralismo, fortalecendo o que restava da Guerra Fria. Daí, a sua aproximação à Rússia, China e Irão. Sabia que os EUA (com o apoio da União Europeia) continuariam a “libertar” todos os países que pudessem contestar Israel ou ser uma ameaça para o acesso ao petróleo. Daí, a “libertação” da Líbia, seguida da Síria e, em futuro próximo, do Irão. Daí também o “desinteresse” dos EUA e EU em “libertarem” o país governado pela mais retrógrada ditadura, a Arábia Saudita.

O socialismo do século XXI. Chávez não conseguiu construir o socialismo do século XXI a que chamou o socialismo bolivariano. Qual seria o seu modelo de socialismo, sobretudo tendo em vista que sempre mostrou uma reverência para com a experiência cubana que muitos consideraram excessiva? Conforta-me saber que em várias ocasiões Chávez tenha referido com aprovação a minha definição de socialismo: “socialismo é a democracia sem fim”. É certo que eram discursos, e as práticas seriam certamente bem mais difíceis e complexas. Quis que o socialismo bolivariano fosse pacífico mas armado para não lhe acontecer o mesmo que aconteceu a Salvador Allende. Travou o projeto neoliberal e acabou com a ingerência do FMI na economia do país; nacionalizou empresas, o que causou a ira dos investidores estrangeiros que se vingaram com uma campanha impressionante de demonização de Chávez, tanto na Europa (sobretudo em Espanha) como nos EUA. Desarticulou o capitalismo que existia, mas não o substituiu. Daí, as crises de abastecimento e de investimento, a inflação e a crescente dependência dos rendimentos do petróleo. Polarizou a luta de classes e pôs em guarda as velhas e as novas classes capitalistas, as quais durante muito tempo tiveram quase o monopólio da comunicação social e sempre mantiveram o controlo do capital financeiro. A polarização caiu na rua e muitos consideraram que o grande aumento da criminalidade era produto dela (dirão o mesmo do aumento da criminalidade em São Paulo ou Joanesburgo?).

O Estado comunal. Chávez sabia que a máquina do Estado construída pelas oligarquias que sempre dominaram o país tudo faria para bloquear o novo processo revolucionário que, ao contrário dos anteriores, nascia com a democracia e alimentava-se dela. Procurou, por isso, criar estruturas paralelas caracterizadas pela participação popular na gestão pública. Primeiro foram as misiones e gran misiones, um extenso programa de políticas governamentais em diferentes sectores, cada uma delas com um nome sugestivo (Por. ex., a Misíon Barrio Adentro para oferecer serviços de saúde às classes populares), com participação popular e a ajuda de Cuba. Depois, foi a institucionalização do poder popular, um ordenamento do território paralelo ao existente (Estados e municípios), tendo como célula básica a comuna, como princípio, a propriedade social e como objetivo, a construção do socialismo. Ao contrário de outras experiências latino-americanas que têm procurado articular a democracia representativa com a democracia participativa (o caso do orçamento participativo e dos conselhos populares setoriais), o Estado comunal assume uma relação confrontacional entre as duas formas de democracia. Esta será talvez a sua grande debilidade.

 

Os desafios para a Venezuela e o continente

A partir de agora começa a era pós-Chávez. Haverá instabilidade política e económica? A revolução bolivariana seguirá em frente? Será possível o chavismo sem Chávez? Resistirá ao possível fortalecimento da oposição? Os desafios são enormes. Eis alguns deles.

A união cívico-militar. Chávez assentou o seu poder em duas bases: a adesão democrática das classes populares e a união política entre o poder civil e as forças armadas. Esta união foi sempre problemática no continente e, quando existiu, foi quase sempre de orientação conservadora e mesmo ditatorial. Chávez, ele próprio um militar, conseguiu uma união de sentido progressista que deu estabilidade ao regime. Mas para isso teve de dar poder económico aos militares o que, para além de poder ser uma fonte de corrupção, poderá amanhã virar-se contra a revolução bolivariana ou, o que dá no mesmo, subverter o seu espírito transformador e democrático.

O extractivismo. A revolução bolivariana aprofundou a dependência do petróleo e dos recursos naturais em geral, um fenómeno que longe de ser específico da Venezuela, está hoje bem presente em outros países governados por governos que consideramos progressistas, sejam eles o Brasil, a Argentina, o Equador ou a Bolívia. A excessiva dependência dos recursos está a bloquear a diversificação da economia, está a destruir o meio ambiente e, sobretudo, está a constituir uma agressão constante às populações indígenas e camponesas onde se encontram os recursos, poluindo as suas águas, desrespeitando os seus direitos ancestrais, violando o direito internacional que obriga à consulta das populações, expulsando-as das suas terras, assassinando os seus líderes comunitários. Ainda na semana passada assassinaram um grande líder indígena da Sierra de Perijá (Venezuela), Sabino Romero, uma luta com que sou solidário há muitos anos. Saberão os sucessores de Chávez enfrentar este problema?

O regime político. Mesmo quando sufragado democraticamente, um regime político à medida de um líder carismático tende a ser problemático para os seus sucessores. Os desafios são enormes no caso da Venezuela. Por um lado, a debilidade geral das instituições, por outro, a criação de uma institucionalidade paralela, o Estado comunal, dominada pelo partido criado por Chávez, o PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela). Se a vertigem do partido único se instaurar, será o fim da revolução bolivariana. O PSUV é um agregado de várias tendências e a convivência entre elas tem sido difícil. Desaparecida a figura agregadora de Chávez, é preciso encontrar modos de expressar a diversidade interna. Só um exercício de profunda democracia interna permitirá ao PSUV ser uma das expressões nacionais do aprofundamento democrático que bloqueará o assalto das forças políticas interessadas em destruir, ponto por ponto, tudo o que foi conquistado pelas classes populares nestes anos. Se a corrupção não for controlada e se as diferenças forem reprimidas por declarações de que todos são chavistas e de que cada um é mais chavista do que o outro, estará aberto o caminho para os inimigos da revolução. Uma coisa é certa:  se há que seguir o exemplo de Chávez, então é crucial que não se reprima a crítica. É necessário abandonar de vez o autoritarismo que tem caracterizado largos sectores da esquerda latino-americana.

O grande desafio das forças progressistas no continente é saber distinguir entre o estilo polemizante de Chávez, certamente controverso, e o sentido político substantivo da sua governação, inequivocamente a favor das classes populares e de uma integração solidária do subcontinente. As forças conservadoras tudo farão para os confundir. Chávez contribuiu decisivamente para consolidar a democracia no imaginário social. Consolidou-a onde ela é mais difícil de ser traída, no coração das classes populares. E onde também a traição é mais perigosa. Alguém imagina as classes populares de tantos outros países do mundo verter pela morte de um líder político democrático as lágrimas amargas com que os venezuelanos inundam as televisões do mundo? Este é um património precioso tanto para os venezuelanos como para os latino-americanos. Seria um crime desperdiçá-lo.

 

 

Coimbra, 6 de Março de 2013

 

17 comentários sobre “Chaves: o legado e desafios: Boaventura de Sousa Santos

  1. Temos como o maior exemplo para a humanidade JESUS. O único modelo e guia em carisma humanitário.
    Sabemos nós que se ele quisesse, teria exterminado toda a humanidade,mais apenas ensinou que ele seria o único caminho ,verdade e vida.Mestre em ensinar que o amor seria a unica forma na mudança de comportamento do homem velho para o homem novo,ensinou que não deveríamos usar de nenhuma metodologia de força para impor ideias,tanto é que quando pedro decepou a orelha do soldado romano, ele a restitui, e disse bem claro que ele tinha o poder da vida e da morte,quando vejo o homem nesse novo seculo ainda investindo em armamentos bélicos que vejo como a nossa “igreja”não repassou a mensagem e verdadeira e edificante ao longo dos tempos ,hoje vemos em todas as ramificações da sociedade, filhos profetizarem o fim do mundo mais não do mundo material e sim do mundo espiritual onde erros e equívocos foram cometidos através da violência e vingança nós trazendo pertubações hoje vemos jovens fugindo das igrejas onde existem homens que mancham a verdadeira mensagem do divino rabi da galileia onde muitos se escondem em uma falsa moral que acabou ilidindo a muitos irmãos devido o atraso intelectual do conhecer a verdade e a verdade vos libertará em ação de fidelidade e disciplina a si próprio onde o próprio cristo nós deixou como meta o primeiro mandamento amar a DEUS e o segundo ao próximo como a si mesmo, pois se ainda não conseguimos amar ao próximo, estaríamos mentindo que ama a DEUS a quem nunca vimos, amar nós mesmo é se libertar dos vícios do mundo preservando o templo sagrado que é nosso próprio corpo,vejo agora como nunca as profecias se cumprindo para os fins dos tempos onde estrelas do poder temporal estão caindo, onde águas estão sendo poluídas pelo absinto onde homens se deliciam com ligações na libido aflorada onde perderam o senso da eternidade do ser ,mais ainda assim DEUS não quer o fim do mundo físico como muitos acham pois sendo vós não dão pedra aseus filhos imagine DEUS o que nos reserva…
    cara amigo,sei que não me conheces na realidade a pesar de ter passado por mim muitas vezes e conhecer suas obras acho que a verdade é como o sol. não tem como prender
    hoje mais que nunca esperemos a volta de nosso grande AMIGO pois não vos chamo mais de servos pois o servo não sabe o que faz mais o amigo sabe …
    paz e bem !

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    • Penso que para que o homem sirva a Deus primeiro ele precisa conhece-lo, isso ainda é um problema encontrado na visão pregada pelas igrejas de um Deus indefinido, julgador, e seus servos que devem sofrer aqui na terra para ter acesso ao reino dos ceus, justificandos as injustiças soiciais.
      primeiro precisamos definir Deus, como Logica, não a logica como palavra mais como as leis que regem o universo, a intensa busca pelo equilibrio, do qual nós nos afastamos e com isso o que temos são: homens cheios de fé em busca de um destino desconhecido, esperando a morte para a alcançar um mundo ideal. E outros que desconsideram a natureza e seus ciclos naturais e abusam dos sesus recursos, para suprir suas necessidades egoistas e derradeiras temendo a morte como o fim. No entanto há pessoas que não creem em Deus, mas o sentem como a vida, a continuidade o eterno, que não depende de nós mas que nos criou para darmos continuidade ao processo evolutivo cosmico, através da busca pelo equilibrio.

      segundo vários pensadores estamos a caminho da noosfera , a esfera do pensamento, não do pensamento racionalista racionado pela economia capitalista.que impede o equilibrio e mantem as lutas de classe. mas sim da razão sensivel, da conciencia do todo da praxis,onde a liberdade de um homem não se da pela exploração e dominação do meio e do outro mais sim pela comunhão entre todos.

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  2. Se estivermos de acordo que o totalitarismo serve para melhorar o sistema social de um Pais, então temos que seguir convições apoliticas e aceitar os ditadores como salvadores da pátria… Ave César …e outros mais

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    • Com certeza, concordo contigo, Nobre Irmão José Vale. Graças a Deus, Chaves foi um Presidente conduzido pelo povo ao poder, mais de uma vez. Chaves foi um Grande Democrata.

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  3. Bem realista o cenário apresentado por Boaventura.
    Mas que novos erros poderão ser cometidos pelos herdeiros do Chavismo que franqueará o ataque das elites às classes populares? Que novas lições precisarão ser aprendidas para que o poder do povo faça predominar a coletividade sobre os lucros de minorias?

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  4. Recentemente, atendendo pedido meu, comecei a receber habitualmente os textos de Leonardo Boff. Gostaria de publicar alguns desses artigo no jornaol eletronico do qual sou editor, o ROL – REGIAO ON LINE . Posso?

    Helio Rubens[

    Em 7 de maro de 2013 10:57, Leonardo Boff

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  5. Fala-se em Socialismos; URSS, Cuba, China e outros socialismos de conchavos, como a Venezuela de Hugo Chávez.
    Os socialismos que se implantaram até agora, sem exceção, são Modernizações do capitalismo. Nunca houve socialismo na face da terra. Todos esse países que são chamados socialistas, são capitalistas. O capitalismo desmoronou-se a partir de lá. Primeiro foi a URSS.
    Nestes socialismos, ou melhor seria chamá-los de capitalistas de Estado, cuja ditadura estatal assemelha-se ao nazismo, ao fascismo.
    Quem já leu o livro do grande dissidente e corajoso russo “O Arquipélago Gulag”, de Alexandre Soljenitsin, em dois volumes, nos quais relata-nos todo o sofrimento do povo russo diante do “Awschivit” russo. Um amigo estava lá na União Soviética à época da Perestroika, da Glasnort, disse que quem queria esta abertura era todo povo russo. O povo russo não aguentava mais a ferrenha ditadura capitalista, que levou muito tempo com o nome de socialismo.
    O próprio Karl Marx parece que não acreditava muito em chegar ao Comunismo (a segunda etapa do marxismo) por via produtiva. Escreveu ao lado do Capital, os Grundrisse
    no qual acreditava chegar lá por essa via.
    odeciomendesrocha philosopher

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  6. L. Boff obrigado por nos dar a oportunidade de conhecer um Chavez para além daquilo que a nossa “grande” mídia entreguista, cotidianamente, nos oferece a respeito da Venezuela. Nunca vi em nenhum jornal ou TV brasileira qualquer reportagem, por mínima que fosse, sobre os avanços sociais ocorridos na Venezuela no governo de H. Chavez. Tanto quanto no Brasil, o que é de interesse do povo, as ações em benefício deste, nada representam para os barões da casa grande. Que o povo Venezuelano, como detentores maiores do poder constitucional, saibam conduzir a transição de poder, e, não permitam que as conquistas sociais caiam por terra.
    O texto do Boaventua S. Santos é esclarecedor, um texto para a história.
    Parabéns a você Boff e ao Boaventura Santos, profetas de nosso tempo, que não se calam e continuam a clamar por justiça nas ruas, praças e templos modernos.

    Fraternal Abraço, Gilson A. Barbosa

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  7. Prezado Leornardo,

    Muito obrigado por compartilhar esse texto do Boventura. Me parece, ao lado do artigo do Rubens Ricupero, uma das avaliações mais ponderadas até agora sobre o legado do governo Chávez. Essas análises se destoam de tantas outras que se prendem a um ou outro aspecto do tema. São raros, em verdade, os autores que conseguem fazer uma avaliação séria de assuntos controversos, articulando com equilíbrio reflexões históricas, sociológicas, partidárias, diplomáticas e sobretudo filosóficas. Boaventura é um deles. Se há algo que valorizar, façamos o elogio; se há algo que saiu dos trilhos, façamos a crítica. O que não se pode fazer, sem prejuízo do entendimento da realidade, é jogar fora a água do banho com a criança dentro. Infelizmente tem sido essa a tendência de pensamento nas avaliações do governo Chávez, contra o qual lucidamente Boaventura se coloca e nos dá uma aula de reflexão.

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  8. Ainda bem que existe a internet com blogues alternativos, onde podemos ver os fatos sob outra ótica. Com uma mídia tendenciosa e inescrupulosa a desconstrir valores e pessoas que não lhe sejam convenientes, a saída é a internet. Popularizar esse recurso tecnológico se faz mais que necessário para que o povo possa formar sua própria opinião, a partir de suas várias leituras. Obrigada, mestre Leonardo Boff, por nos ajudar com leituras que, com certeza, dificilmente seriam veiculadas por essa tal grande imprensa. (Grandeza que se resume a poder e não à qualidade!)

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  9. Excelente reflexão. Nos faz crer ainda mais na possibilidade histórica da transformação.Mesmo com certas controvérsias, típica da própria conjuntura, o que podemos ratificar neste texto de Boaventura é que Chávez foi um grande líder e que elevou o nível de consciência de seu país. O PODER POPULAR é valioso para uma transformação visceral do sistema, e isso certamente foi iniciado lá. Desejo que este exemplo se alastre e que chegue ao Brasil e que as nossas “Veias abertas da América Latina” circulem com um sangue verdadeiramente revolucionário com a responsabilidade e o amor para que estejamos sempre a postos construindo este novo mundo proposto por Chávez e tantos outros lutadoras e lutadores do POVO!

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