É possível garantir a sustentabilidade da Terra?

Leonardo Boff

Se olharmos a frequência dos transtornos que estão ocorrendo na Terra, especialmente com o crescente aquecimento global, somado ao fato de os negacionistas serem poderosos como o presidente  Trump dos USA, cabe seriamente perguntar se o planeta é ainda sustentável ou ruma na direção de uma fenomenal tragédia.

Tomemos como advertência os dados publicados pelo Institute and Faculty of Actuaries da Exeter University (Reino Unido), conhecido por sua seriedade: aí se afirma: “com temperaturas 3°C acima dos níveis pré-industriais – a mortalidade humana poderá atingir a metade da humanidade, cerca de quatro bilhões de pessoas” não num futuro distante, mas em algumas décadas.

      Precisamos de um conceito  de sustentabilidade mais amplo do que aquele famoso do Relatório Brundland (1987) por se centrar só no ser humano e omitindo a natureza. Proponho um mais inclusivo:“Desenvolvimento sustentável é toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a natureza e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da  geração presente  e das futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, de reprodução, e de coevolução.

      Que fazer para garantir este tipo de sustentabilidade? Estou convencido de que as narrativas do passado já não nos apontam um futuro de esperança. Isso não significa que desistiremos  de melhorar a situação. O princípio esperança que arde dentro de nós, pode projetar utopias minimalistas que aliviam a vida e preservam a natureza. Para isso deve-se partir  debaixo, do  território, na qual se pode construir uma sustentabilidade no quadro  das condições ecológicas traçadas pela natureza, com suas florestas, seus rios, sua população com suas religiões  tradições.

     Depende de nós, se queremos mudar ou prosseguir no mesmo caminho. Chegou um momento em que não temos outra alternativa senão crer, confiar e esperar em nós mesmos. Temos que beber de nosso próprio poço. Nele estão os princípios e valores que, ativados nos poderão salvar.     Elenco alguns principais.

Em primeiro lugar  o cuidado. Sabemos pela reflexão antiga (mito do cuidado de Higino) e  pela moderna (Heidegger) que a essência do ser humano reside no cuidado, condição para viver e sobreviver. Se todos os elementos da evolução não tivessem entre si um cuidado sutil, não irromperia o ser humano. Como não possui nenhum órgão especializado, precisa do cuidado para viver e sobrevier. Da mesma forma a natureza se não for cuidada definha.

Em seguida, como os biólogos (Watson/Krick) mostraram o amor pertence ao DNA humano. Amar significa estabelecer uma relação de comunhão,de reciprocidade, com todas as coisas e implica criar um laço afetivo com elas.

Fundamental é o valor a solidariedade. A bioantropologia mostrou que a busca dos alimentos,  consumidos comunitariamente  permitiu o salto da animalidade para a humanidade O que foi verdadeiro outrora,  vale muito mais ainda nos sombrios dias atuais.

Somos também seres de compaixão: podemos nos colocar no lugar do outro, chorar com ele, partilhar suas angústias e nunca deixá-lo só. É uma das virtudes mais ausentes nos dias de hoje.

Ainda somos seres de criação: continuamente estamos inventando coisas para resolver nossos problemas. Hoje mais do que nunca a inovação é urgente se não queremos chegar atrasados na salvaguarda da vida e da natureza.

Somos, desde a mais alta ancestralidade,quando emergiu o cérebro límbico há 200 milhões de anos, seres de coração, de afeto e de sensibilidade. No coração sensível reside o enternecimento, a espiritualidade e a ética. Hoje mais do que nunca devemos unir mente e coração, racionalidade e sensibilidade, pois todo o edifício científico se construiu colocando sob suspeita a afetividade. Hoje é pela sensibilidade humanitária que condenamos o perverso genocídio, feito a céu aberto,na Faixa de Gaza de mais de 13 mil crianças inocentes e de mais de 60 mil civis.

Somos, no mais profundo de nossa humanidade, seres espirituais. A espiritualidade pertence à natureza humana, com o mesmo direito de cidadania que a inteligência, a vontade e a libido.Ela deve ser distinguida da religiosidade,embora possam se potenciar.Mas não necessariamente. A espiritualidade natural é mais originária. Ela é fontal. A religiosidade supõe e se alimenta da espiritualidade. A espiritualidade vive do amor incondicional, da solidariedade, da compaixão, do cuidado com os mais frágeis e  com a natureza. Mais ainda, como seres espirituais somos capazes de identificar aquela Energia vigorosa e amorosa que sustenta todas as coisas e o inteiro universo, com qual podemos reverentemente nos abrir. Ou integramos a espiritualidade natural, vivendo como irmãos e irmãs junto com a natureza ou então  nos condenamos a repetirmos o passado com todos os riscos que hoje ameaçam nossa existência.

Uma eco-civilização, fundada sobre tais valores e princípios, pode garantir a sustentabilidade da Casa Comum. Dentro dela se encontram os vários mundos culturais que podem e devem conviver pacificamente. Uma utopia? Sim, mas uma utopia necessária se ainda quisermos ter um futuro sustentável junto com a Mãe Terra.

Leonardo Boff escreveu O doloroso parto da Mãe Terra:uma sociedade de fraternidade e de amizade social, Vozes 2021.

L’educazione di fronte all’allarme ecologico

Leonardo Boff

Non importa quanti negazionisti ci siano, il fatto che la Terra e l’umanità siano cambiate non può essere contestato. Innanzitutto, si dà per scontato che un piccolo pianeta con beni e servizi (risorse) limitati come la Terra non possa supportare un progetto di sviluppo/crescita illimitato, il motore teorico e pratico che ha messo in moto tutta la modernità. È il conosciuto Earth Overshoot. La cinese Deep Seek, la più avanzata di tutte le piattaforme di IA e liberamente accessibile, ha annunciato “l’insostenibilità umana e l’obsolescenza storica del modello economico neoliberista occidentale”. Esso è destinato a scomparire, non importa quanto prolunghi l’agonia con violenze, aggressioni e guerre. Questo annuncio ha lasciato terrorizzati i proprietari delle Big Tech, che in un istante hanno perso complessivamente un trilione di dollari [in Borsa].

In altre parole: la Terra, considerata un super-organismo vivente, sentendosi sistematicamente aggredita dal modo in cui gli occidentali si sono rapportati con il pianeta e con la natura negli ultimi tre secoli, sfruttandole al massimo in vista di un accumulo illimitato di ricchezza materiale privata e ottenuta attraverso la più agguerrita competizione, reagisce con frequenza sempre maggiore. Invia segnali come un’ampia gamma di virus, di batteri, il più universale dei quali è il coronavirus, eventi estremi come gravi siccità, inondazioni devastanti, erosione della biodiversità e, ultimamente, estesi incendi, inaugurando, oltre agli attuali antropocene e necrocene, una nuova era geologica, forse la più pericolosa, il pirocene (l’era di pyros in greco, del fuoco).

Ma la reazione più sensibile e violenta di Gaia è il riscaldamento globale. Non stiamo andandogli incontro. Ci siamo già dentro. Non è stato rispettato quanto concordato nell’accordo di Parigi del 2015, ovvero ridurre il più possibile le emissioni di gas serra per non raggiungere +1,5 °C entro il 2030. La data è stata anticipata. L’anno 2024 è stato il più caldo nella storia conosciuta, raggiungendo una media di +1,55 ºC e in alcuni luoghi anche +2 ºC o di più. Gli scienziati lo riconoscono: la scienza è arrivata troppo tardi. Non è più possibile invertire questo riscaldamento. Al massimo può avvertire dell’arrivo di eventi estremi e mitigarne gli effetti dannosi. Non abbiamo più bisogno della scienza per fare questa constatazione: ovunque si verificano eventi estremi, che ci fanno capire che il pianeta Terra ha perso il suo equilibrio e ne sta cercando un altro. Questo clima più caldo potrebbe devastare gran parte della biosfera e decimare milioni di esseri umani che non sono in grado di adattarsi a un clima più caldo.

Come uscire da questa crisi planetaria? Non vediamo altra strada realistica che inaugurare un altro paradigma nella relazione con la natura e la Terra vivente: cercare di vivere quel valore presente in tutte le culture e al quale ho dedicato due libri: “La ricerca della giusta misura”, quanto estrarre dalla natura per la nostra sussistenza e quanto preservarla affinché possa rigenerarsi e continuare a offrirci ciò di cui abbiamo bisogno per vivere.

Se il paradigma dominante era quello del dominus, l’essere umano signore e padrone della natura, che non si sentiva parte di essa e che ci ha condotto all’attuale crisi sistemica, ora si impone ciò che il buon senso e la biologia stessa ci hanno insegnato: il frater (il fratello e la sorella). Tutti gli esseri viventi possiedono lo stesso codice genetico di base, come hanno dimostrato Watson e Krick negli anni ’50 quando individuarono la formula per la costruzione della vita, quello che ci rende oggettivamente fratelli e sorelle gli uni degli altri. Un simile paradigma avrebbe il potere di creare una consapevolezza collettiva del fatto che dobbiamo trattarci a vicenda, tra noi esseri umani e con tutti gli altri esseri in natura, come fratelli e sorelle. La cura, la cooperazione, la solidarietà, la compassione e l’amore costituirebbero le basi di questo nuovo modo di abitare il pianeta Terra. Eviteremmo i rischi dell’autodistruzione e creeremmo le condizioni per la continuità della nostra vita su questo pianeta. Altrimenti potremmo conoscere il cammino già percorso dai dinosauri, che 67 milioni di anni fa non riuscirono ad adattarsi ai cambiamenti della Terra e scomparvero per sempre.

È in questo contesto che è urgente arricchire l’educazione con il valore della cura, con l’etica della solidarietà, con il sentimento dell’amorevolezza verso tutti gli esseri e con l’iniziazione alla spiritualità naturale. Come affermava Hannah Arendt: possiamo informarci per tutta la vita senza mai educarci. Oggi dobbiamo educarci in modo adeguato ai cambiamenti in atto. Non si tratta di avere la testa piena di informazioni di ogni tipo, ma di avere una testa ben fatta. Educare non significa riempire un vaso vuoto, ma accendere una luce nella mente.

Come ci avverte la Carta della Terra: “come mai prima nella storia, il nostro destino comune ci chiama a un nuovo inizio. Ciò richiede una nuova mente e un nuovo cuore.” Vale a dire: assumere che la Terra sia viva e sia la nostra Grande Madre; riscattare i diritti del cuore: il legame d’amorevolezza verso tutti gli esseri e superare il loro uso utilitaristico poiché ognuno possiede un valore in sé. Arricchire la ragione intellettuale, così sviluppata nella modernità, con la sensibilità del cuore che ci fa sentire veramente fratelli e sorelle gli uni degli altri, con l’imperativo etico di proteggere e prenderci cura del sacro patrimonio che è la Terra, nostra unica Casa Comune.

Tra gli altri valori, vorrei enfatizzarne uno normalmente dimenticato: il recupero della spiritualità naturale. Non si tratta di una derivazione delle religioni, ma piuttosto di una fonte che attinge a sé stessa, che è la più originale. La spiritualità naturale appartiene alla natura umana come l’intelligenza, la volontà, il potere e la libido. L’intelligenza naturale si esprime attraverso l’amore che non esclude nessuno, attraverso la solidarietà, attraverso il legame affettivo con tutti gli esseri, attraverso la compassione verso coloro che soffrono. Questa spiritualità deve essere presente nella scuola, fin dalla prima infanzia. In questo modo non si formeranno consumatori e utilizzatori di mezzi tecnologici, ma cittadini consapevoli, critici, sensibili e profondamente umanitari.

Leonardo Boff teologo, filosofo, scrittore e ha scritto: A busca pela justa medida: o pescador ambicioso e o peixe encantado, Vozes 2022.

(traduzione dal portoghese di Gianni Alioti)

Bildung im Angesicht der ökologischen Gefahr

                               Leonardo Boff

Egal wie viele es gibt, die dies leugnen, die Tatsache, dass sich die Erde und die Menschheit verändert haben, kann nicht bestritten werden. Zunächst einmal wird vorausgesetzt, dass ein kleiner Planet mit begrenzten Gütern und Dienstleistungen (Ressourcen) wie die Erde kein unbegrenztes Entwicklungs-/Wachstumsprojekt unterstützen kann. Der theoretische und praktische Motor, der die gesamte Moderne in Gang gesetzt hat, ist die bekannte Überlastung der Erde (Earth Overshoot). Chinas Deep Seek, die fortschrittlichste und frei zugänglichste Plattform überhaupt, verkündete die „menschliche Unhaltbarkeit und historische Überholtheit des neoliberalen westlichen Wirtschaftsmodells“. Es ist dazu bestimmt zu verschwinden, egal wie sehr es die Qual durch Gewalt, Aggression und Kriege verlängert. Diese Ankündigung versetzte die Eigentümer der großen Plattformen in große Panik und sie verloren von einem Moment auf den anderen insgesamt eine Billion Dollar.

Mit anderen Worten: Die Erde als lebendiger Superorganismus fühlt sich durch die Art und Weise, wie sich die Menschen im Westen in den letzten drei Jahrhunderten zur Erde und zur Natur verhalten, systematisch angegriffen: durch die maximale Ausbeutung im Hinblick auf eine unbegrenzte Anhäufung privaten materiellen Reichtums, die durch härtesten Wettbewerb erreicht wird. Daher reagiert sie immer häufiger. Sie sendet Signale aus, beispielsweise eine große Bandbreite an Viren und Bakterien – das am weitesten verbreitete davon ist das Coronavirus –, sowie Extremereignisse wie schwere Dürren, verheerende Überschwemmungen, den Verlust der Artenvielfalt und in jüngster Zeit auch Brände. Damit läutet sie neben dem aktuellen Anthropozän und Nekrozän eine neue geologische Ära ein, die vielleicht gefährlichste überhaupt: das Pyrozän (auf Griechisch das Zeitalter des Pyros, des Feuers).

Die empfindlichste und heftigste Reaktion von Gaia ist jedoch die globale Erwärmung. Wir sind nicht auf dem Weg dorthin. Wir sind bereits mittendrin. Die im Pariser Abkommen von 2015 vereinbarte Reduzierung der Treibhausgasemissionen, damit die globale Erwärmung bis 2030 nicht die Marke von 1,5 Grad Celsius erreicht, wurde nicht eingehalten. Das Datum wurde vorverlegt. Das Jahr 2024 war das heißeste in der bekannten Geschichte. Die Temperaturen erreichten durchschnittlich 1,55ºC und an manchen Orten sogar 2ºC oder mehr. Wissenschaftler erkennen: Die Wissenschaft kam zu spät. Sie kann diese Erwärmung nicht mehr umkehren. Sie kann allenfalls vor dem Eintreten extremer Ereignisse warnen und deren schädliche Auswirkungen abmildern. Um diese Feststellung zu treffen, brauchen wir keine wissenschaftlichen Erkenntnisse mehr: Überall ereignen sich Extremereignisse, die uns bewusst machen, dass der Planet Erde sein Gleichgewicht verloren hat und auf der Suche nach einem neuen ist. Dieses wärmere Klima könnte große Teile der Biosphäre zerstören und Millionen von Menschen das Leben kosten, die sich nicht an ein wärmeres Klima anpassen können.

Wie kommen wir aus dieser planetaren Krise heraus? Wir sehen keinen anderen realistischen Weg, als ein anderes Paradigma in der Beziehung zur Natur und zur lebendigen Erde einzuführen: zu versuchen, jenen Wert zu leben, der in allen Kulturen vorhanden ist und dem ich zwei Bücher gewidmet habe: „Die Suche nach dem richtigen Maß“: wie viel wir der Natur für unseren Lebensunterhalt entnehmen und wie viel wir von ihr bewahren müssen, damit sie sich regenerieren und uns weiterhin das bieten kann, was wir zum Leben brauchen.

Während das vorherrschende Paradigma das des „Dominus“ war, also des Menschen als Herrn und Eigentümer der Natur, der sich nicht als Teil dieser Natur fühlt, was uns in die gegenwärtige systemische Krise geführt hat, drängt sich jetzt das auf, was uns der gesunde Menschenverstand und die Biologie selbst gelehrt haben: das des „Frater“ (Bruder und Schwester). Alle Lebewesen verfügen über denselben genetischen Grundcode, wie Watson und Krick in den 1950er Jahren zeigten, als sie die Formel für die Konstruktion des Lebens entdeckten, die uns objektiv zu Brüdern und Schwestern macht. Ein solches Paradigma hätte die Kraft, ein kollektives Bewusstsein dafür zu schaffen, dass wir einander, Menschen untereinander und mit allen anderen Lebewesen in der Natur, wie Brüder und Schwestern behandeln müssen. Fürsorge, Zusammenarbeit, Solidarität, Mitgefühl und Liebe würden die Grundlage dieser neuen Art, den Planeten Erde zu bewohnen, bilden. Wir würden das Risiko der Selbstzerstörung vermeiden und die Voraussetzungen für die Kontinuität unseres Lebens auf diesem Planeten schaffen. Andernfalls könnten wir den Weg kennen lernen, den bereits die Dinosaurier gegangen waren, die sich vor 67 Millionen Jahren nicht an die Veränderungen auf der Erde anpassen konnten und für immer verschwanden.

In diesem Zusammenhang wird es dringend notwendig, die Erziehung mit dem Wert der Fürsorge, mit der Ethik der Solidarität, mit einem Gefühl der Liebe zu allen Wesen und mit einer Einführung in die natürliche Spiritualität zu bereichern. Wie Hannah Arendt sagte: Wir können uns unser ganzes Leben lang informieren, ohne uns jemals zu bilden. Heute müssen wir uns auf eine Art und Weise bilden, die den sich vollziehenden Veränderungen angemessen ist. Es geht nicht darum, den Kopf mit allen möglichen Informationen voll zu haben, sondern einen gut gemachten Kopf. Bei der Bildung geht es nicht darum, ein leeres Gefäß zu füllen, sondern darum, ein Licht im Geist einzuschalten.

Die Erd-Charta warnt uns: „Wie nie zuvor in der Geschichte ruft uns unser gemeinsames Schicksal zu einem Neuanfang auf. Dies erfordert einen neuen Geist und ein neues Herz“. Mit anderen Worten: anzunehmen, dass die Erde lebt und unsere große Mutter ist; die Rechte des Herzens wiederzuerlangen: das Band der Liebe zu allen Lebewesen und die Überwindung ihrer utilitaristischen Nutzung, denn jedes hat einen Wert an sich. Die intellektuelle Vernunft, die in der heutigen Zeit so weit entwickelt ist, mit der Sensibilität des Herzens zu bereichern, die uns dazu bringt, uns wirklich als Brüder und Schwestern zu fühlen, mit dem ethischen Gebot, das heilige Erbe, das die Erde, unser einziges gemeinsames Haus, ist, zu schützen und zu pflegen.

Neben anderen Werten möchte ich einen hervorheben, der oft vergessen wird: die Rückgewinnung der natürlichen Spiritualität. Sie ist kein Derivat der Religionen, sondern sie speist sich aus dieser Quelle, die ursprünglicher ist. Die natürliche Spiritualität gehört zur menschlichen Natur wie Intelligenz, Wille, Kraft und Libido. Die natürliche Intelligenz äußert sich in der Liebe, die niemanden ausschließt, in der Solidarität, in der affektiven Verbundenheit mit allen Lebewesen, im Mitleid mit den Leidenden. Diese Spiritualität muss bereits in der Schule, von der frühen Kindheit an, präsent sein. Auf diese Weise werden wir nicht zu Konsumenten und Nutzern der technischen Medien, sondern zu bewussten, kritischen, sensiblen und zutiefst humanitären Bürgern.

Leonardo BoffTheologe, Philosoph, Autor von: Die Suche nach dem rechten Maß: Wie der Planet Erde wieder ins Gleichgewicht kommt, LIT Verlag, 2023

Übersetzt von Bettina Goldhartnack

La educación ante la alarma ecológica

Leonardo Boff*

Por más que haya negacionistas, no se puede negar el hecho de que la Tierra y la humanidad han cambiado. En primer lugar se da como cierta la constatación de que un planeta pequeño y con bienes y servicios (recursos) limitados como la Tierra no soporta un proyecto de desarrollo/crecimiento ilimitado, el motor teórico y práctico que puso en marcha toda la modernidad. Es la conocida Sobrecarga de la Tierra (The Earth Overshoot). La Deep Seek china, la más avanzada de todas las plataformas y de libre acceso, anunció la “insostenibilidad humana y la obsolescencia histórica del neoliberalismo del modelo económico occidental”. Está destinado a desaparecer, por más que prolongue la agonía con violencias, agresiones y guerras. Tal anuncio dejó aterrorizados a los dueños de las grandes plataformas que en un momento perdieron en total un billón de dólares.

         En otras palabras: la Tierra, considerada como un superorganismo vivo, sientiéndose agredida sistemáticamente por la forma como los occidentales decidieron relacionarse con ella y con la naturaleza en los últimos tres siglos, explotándola al máximo para conseguir una ilimitada acumulación de riqueza material privada, hecha mediante la competición más feroz, está reaccionando cada vez con más fecuencia. Envía señales tales como una gama enorme de virus, de bacterias, el último más universal, el coronavirus, eventos extremos como severas sequías, inundaciones avasalladoras, erosión de la biodiversidad y, últimamente, con incendios, inaugurando más allá del vigente antropoceno y del necroceno una nueva era geológica, tal vez la más peligrosa, el piroceno (la era del piros en griego, del fuego).

         Pero la reacción más sensible y violenta de Gaia es el calentamiento global. No estamos yendo hacia él. Estamos ya dentro de él. El Acuerdo de París de 2015 de disminuir al máximo la emisión de gases de efecto invernadero para que no llegásemos a 1,5C en 2030 no se ha respetado. La fecha se ha anticipado. El año 2024 ha sido el más caliente de la historia conocida, llegando a un aumento de 1,55ºC de media y en algunos lugares hasta de 2ºC o más. Los científicos reconocen que la ciencia ha llegado demasiado tarde. Ya no puede hacer retroceder ese calentamiento. Todo lo más puede advertir de la llegada de eventos extremos y mitigar los daños. Ni siquiera necesitamos la ciencia para hacer esta constatación: por todas partes ocurren eventos extremos, que hacen que nos demos cuenta de que el planeta Tierra ha perdido su equilibrio y está buscando otro. Este, más caliente, puede asolar gran parte de la biosfera y diezmar millones de seres humanos que no conseguirán adaptarse a un clima más caliente.

         ¿Cómo salir de esta crisis planetaria? No vemos otro camino realista que inaugurar otro paradigma en la relación con la naturaleza y la Tierra viva: buscar vivir aquel valor presente en todas las culturas al cual dediqué dos libros: “la búsqueda de la justa medida”: cuánto extraer de la naturaleza para nuestra subsistencia y cuánto preservarla para que pueda regenerarse y continúe ofreciéndonos lo que necesitamos para vivir.

         Si el paradigma dominante era el del dominus, el ser humano amo y señor de la naturaleza, no sintiéndose parte de ella, y nos ha llevado a la crisis sistémica actual, ahora se impone aquello que el sentido común y la propia biología nos han enseñado: el frater (el hermano y la hermana). Todos los seres vivos tenemos el mismo código genético de base como lo demostraron Watson y Crick en los años 50 cuando identificaron la fórmula de cómo se construye la vida, lo que nos hace objetivamente hermanos y hermanas unos de otros. Tal paradigma tendría la facultad de crear la conciencia colectiva de que debemos tratarnos, entre nosotros los humanos y con todos los demás seres de la naturaleza, como hermanos y hermanas. El cuidado, la cooperación, la solidaridad, la compasión y el amor constituirían las bases de esta nueva forma de habitar el planeta Tierra. Evitaríamos los peligros de autodestrucción y crearíamos las condiciones para la continuidad de nuestra vida sobre este planeta. De lo contrario podríamos conocer el camino recorrido por los dinosaurios, que hace 67 millones de años no consiguieron adaptarse a los cambios de la Tierra y desaparecieron definitivamente.

         Dentro de este contexto se hace urgente enriquecer la educación con el valor del cuidado, con la ética de la solidaridad, con el sentimiento de amorosidad hacia todos los seres y la iniciación a la espiritualidad natural. Como afirmaba Hannah Arendt: podemos informarnos durante toda la vida sin educarnos nunca. Hoy tenemos que educarnos de forma adecuada a los cambios que están ocurriendo. No se trata de tener una cabeza llena con todo tipo de información, sino una cabeza bien organizada. Educar no es llenar una vasija vacía sino encender una luz en la mente.

         Nos advierte la Carta de la Tierra: “como nunca antes en la historia, el destino común nos convoca a un nuevo comienzo. Esto exige una nueva mente y un nuevo corazón”. Es decir: asumir que la Tierra está viva y es nuestra Gran Madre; rescatar los derechos del corazón: el lazo de amorosidad para con todos los seres y superar el uso utilitarista, pues cada uno posee un valor en sí. Enriquecer la razón intelectual, tan desarrollada en la modernidad, con la sensibilidad del corazón que nos hace sentirnos realmente hermanos y hermanas unos de otros, con el imperativo ético de guardar y cuidar de la herencia sagrada que es la Tierra, nuestra única Casa Común.

         Entre otros valores quiero detenerme en uno que se suele olvidar: recuperar la espiritualidad natural. Ella no es una derivación de las religiones, más bien estas beben de esta fuente que es más originaria. La espiritualidad natural es parte de la naturaleza humana como la inteligencia, la voluntad, el poder y la libido. La espiritualidad natural se expresa por el amor que no excluye a nadie, por la solidaridad, por el lazo afectivo con todos los seres, por la compasión con los que sufren. Esta espiritualidad debe estar presente en la escuela, desde la más tierna infancia. Así se formarán no consumidores y usuarios de los medios tecnológicos, sino ciudadanos conscientes, críticos, sensibles, profundamente humanos.

*Leonardo Boff teólogo, filósofo, escritor, ha escrito: La búsqueda de la justa medida: el pescador ambicioso y el pez encantado, Vozes 2022.