A ascensão do fascismo no mundo e no Brasil

Leonardo Boff

         Nota-se no mundo inteiro e também no Brasil a ascensão de ideias fascistas ou de atitudes autoritárias que rompem todas as leis e acordos como se nota claramente na política do presidente dos EUA Donald Trump com seu ufanismo MAGA (Make Amerika Great Again). As promessas feitas pelas grandes narrativas modernas fracassaram. Produziram uma enrome insatisfação e depressão mais ou menos generalizadas e ondas de raiva e de ódio.Cresce a convicção,especialmente devido ao clamor ecológico, que assim como o mundo está não pode continuar. Ou mudamos de rumo ou vamos ao encontro de uma catástrofe bíblica.É neste contexto que vejo o fenômeno sinistro do fascismo e autoritarismo se impondo em nossa história.

A palavra fascismo  foi usada pela primeira vez por Benito Mussolini em 1915 ao criar o grupo “Fasci d’Azione Revolucionaria”. Fascismo se deriva do feixe (fasci) de varas, fortemente amarradas, com um machado preso ao lado. Uma vara pode ser quebrada, um feixe, é quase impossível. Em 1922/23 fundou o Partido Nacional Fascista que perdurou até sua derrocada em 1945. Na Alemanha  se estabeleceu a partir de 1933 com Adolf Hitler que ao ser feito chanceler criou o Nacionalsocialismo, o partido nazista que impôs ao país dura disciplina, vigilância e o terror dos SS.

A vigilância, a violência direta, o terror  e o extermínio dos opositores são características do fascismo histórico de Mussolini e de Hitler  e entre nós de Pinochet no Chile, de Videla na Argentina e no governo de Figueiredo, de Médici e como tendência, de Bolsonaro no Brasil.

         O fascismo originário é derivação extremada do fundamentalismo que tem larga tradição em quase todas as culturas. S. Huntington em sua discutida obra Choque de civilizações(1997) denuncia o  Ocidente como um dos mais virulentos fundamentalistas e nas guerras coloniais mostrou  claros sinais de fascismo. Imagina-se o melhor dos mundos, junto com os EUA, o que lhe confereria,segundo eles, a sua excepcionalidade. Quando o presidente Donald Trump afirma “America first” está entendendo “só a América” e o resto do mundo que se lasque.

Conhecemos o fundamentalismo islâmico com seus inúmeros atentados e crimes e outros, também de grupos da Igreja Católica atual.Estes creem ainda ser ela a única e exclusiva Igreja de Cristo, fora da qual não há salvação. Tal visão errônea e medieval, oficialmente publicada ainda no ano 2000 pelo então Card. Joseph Ratzinger, depois Papa Bento XVI, num documento “Dominus Jesus”, humilhou todas as igrejas,negando-lhes o título de igrejas, sendo apenas comunidades com elementos eclesiais.Graças a Deus  o Papa Francisco, cheio de razoabilidade e de bom senso, invalidou tais distorções e favoreceu o mútuo reconhecimento das igrejas, todas unidas, no serviço da humanidade e na salvaguarda do planeta seriamente ameaçado.

Todo aquele que pretende ser portador exclusivo da verdade está condenado a ser fundamentalista, com mentalidade fascistoide e sem diálogo com os outros.Dalai Lama bem disse: não insista em dialogar com um fundamentalista. Apenas tenha compaixão dele.

Aqui vale recordar as palavras do grande poeta espanhol António Machado, vítima da ditadura de Franco na Espanha:”Não a tua verdade. Mas a verdade.Vem comigo buscá-la. A tua guarde-a para ti mesmo”. Se juntos a procurarmos, ela  será então mais plena.

O fascismo nunca desapareceu totalmente, pois sempre há grupos que, movidos por um arquétipo fundamental desintegrado da totalidade,  buscam a ordem de qualquer forma. É o proto fascismo atual.

No Brasil houve uma figura mais hilária que ideológica que propôs o fascismo em nome do qual justificava a violência, a exaltação da tortura e de torturadores, da homofobia,da misogenia e dos LGBTQ+1. Sempre em nome de uma ordem a ser forjada contra a pretensa  desordem vigente, usando de violência simbólica e real.

Sob o condenado Jair M.Bolsonaro o fascismo ganhou uma forma assassina e trágica: se opôs à vacina contra o Covid-19,estimulou as conglomerações e ridicularizou o uso da máscara e, o que é pior, deixou morrer mais de 300 mil dentre os 716.626 vitimados, sem qualquer sentido de empatia pelos familiares e próximos.Foi a expressão criminosa de desprezo pela vida de seus compatriotas. Deixou um legado sinistro.

Mas finalmente o líder desse proto fascismo rude, Jair Messias Bolsonaro, forjou uma organização criminosa com militares de alta patente e outros, tentando dar um golpe de estado com o eventual assassinato das mais altas autoridades a fim de impor sua visão tosca do mundo. Mas foram denunciados, julgados e condenados e assim nos livramos de um tempo de trevas e de crimes hediondos.

O fascismo sempre foi criminal como se viu recentemente  em Utah nos EUA com o assassinato de um fundamentalista Charlie Kirk,supremacista, antiislâmico e   homofóbico, proclamado falsamente de mártir. Sob Hitler criou-se a Schoah (eliminação de milhões de judeus e de outros). Usou a violência como forma de se relacionar com a sociedade, por isso nunca pode nem poderá se consolidar por longo tempo. É a perversão maior da sociabilidade essencial nos seres   humanos.

Combate-se o fascismo com mais democracia e povo na rua. Deve-se enfrentar as razões dos fascistas com a razão sensata e com a coragem de reafirmar os riscos que todos corremos. Deve-se combater duramente quem usa da liberdade para eliminar a liberdade.Devemos unirmo-nos pois não temos um outro planeta nem um outra Arca de Noé.

Leonardo Boff escreveu: Fundamentalismo e terrorismo,Vozes 2009.

El caso Bolsonaro: a nosotros la justicia, a Dios la venganza

Leonardo Boff*

De mi recordado padre, maestro de escuela, con un método semejante al de Paulo Freire,

 educaba a los alumnos y alumnas de Planalto-Concórdia-SC siempre con este consejo: “nunca se venguen; la venganza pertenece a Dios; y confíen siempre en la divina Providencia”. Esa enseñanza permanece como legado permanente en sus alumnos, sus alumnas y sus once hijos. Las Escrituras afirman: “A Dios cabe la venganza”. Es el juicio último de quien juzga definitivamente nuestro proyecto de vida. A nosotros no nos corresponde juzgar a las personas, pues poseen algo del misterio que sólo Dios penetra. Lo que nos corresponde es juzgar los actos concretos pues estos tienen objetividad y pueden ser enjuiciados. Esto se aplica al sonado caso del juicio de la organización criminal que tramó un golpe de Estado teniendo como cabeza al expresidente Jair Messias Bolsonaro. Han sido procesados y juzgados. No ha habido espíritu de venganza por parte de los magistrados, que han aplicado estrictamente las leyes y la Constitución: 27 años y tres meses de prisión en régimen cerrado. Ha sido condenado solo por 5 delitos, objetivamente comprobados, entre los muchos que cometió.

Por más que busquemos, no ha dejado ningún legado positivo. En su gobierno irrumpió el imperio de la maldad oficializada y popularizada. Su lema fue expresado claramente en una reunión con un grupo ultra-conservador de Estados Unidos, el Tea-Party: “no pretendo construir nada, sino destruir todo para recomenzar otra historia”. Y de hecho así lo hizo, destruyó todo lo que pudo sin construir nada de positivo en favor del pueblo.

       Diría que las varias sombras que maculan nuestra historia ganaron con sus prácticas malévolas plena densidad. (1) La mácula del genocidio indígena: dejó morir, entre otros, a cientos de yanomami. (2) La mancha de la esclavitud de 350 años, sus palabras fueron: “las personas negras fueron legalmente esclavizadas en función de su masa corporal”; los quilombolas “no sirven para nada, ni para procreador sirven”. (3) La marca del colonialismo: el Brasil que Bolsonaro venera es el Brasil colonia, servil y sumiso, que saluda la bandera estadounidense, que exalta la tortura y el fusilamiento de enemigos, que descuidó totalmente nuestro mayor patrimonio natural, la Amazonia y el Pantanal. (4) El estigma de la ocupación del Estado por la clase dominante: Bolsonaro, no sabiendo administrar nada, entregó a la Cámara Legislativa funciones que serían del Ejecutivo, como la gestión del Presupuesto; no solo favoreció la acumulación de las clases acomodadas en el campo y la ciudad sino que militarizó gran parte de los aparatos de Estado. (5) Los actos de negacionismo de la vacuna contra la Covid-19 fueron ignominiosos, haciéndole reponsable de 430 mil muertes evitables del total de las 716.626 víctimas; ofendió a las víctimas imitando la muerte de una de ellas, con la boca abierta en busca desesperada de oxígeno; consideró la pandemia “una gripecita” y trataba el dolor de quienes perdían a seres queridos como un lloriqueo inútil, un “mero mimimi”; se burló de los familiares que no podían acompañar a sus muertos a los cementerios improvisados. (6) Tuvo un desprecio soberanos por los pobres, “sólo tienen una utilidad, la de tener el título de elector y el diploma de burro… no valen para nada, en su gran mayoría no sirven para el futuro de nuestro país”. (7) Se mostró enemigo de la ciencia, de la educación, de los derechos humanos, de la investigación científica, haciendo retroceder al país a los tiempos anteriores al iluminismo. (8) Actos de los más perversos fueron los que deseducaron al pueblo, con palabrotas vulgares, con odio manifesto a los LGBTQ+1 y con clara misoginia, hasta el punto de avergonzarse por haber tenido una hija, “fruto de una debilidad”; difundió noticias falsas y una ola de odio que dividió familias y volvió tóxicas las relaciones sociales. (9) Cometió manipulación explícita del discurso religioso, contradiciendo el mensaje religioso por sus actitudes verdaderamente farisaicas y para fines directamente electoralistas, lo que contradice la naturaleza laica del Estado. (10) Finalmente, algo inaudito y de suma atrocidad en nuestra historia de 135 años de república, fue el propósito de asesinar al ministro del Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de envenenar al presidente Lula y a su vice, Geraldo Alckmin. 

Estos actos merecen la repulsa de una mente mínimamente humana y sensible. Aquí es donde entra la justicia que juzga según el Contrato Social firmado por la Constitución de 1988 y por la ley del Código Penal. Sé que el concepto de justicia, desde los clásicos griegos con Sócrates, Platón y Aristóteles hasta los modernos John Rawls y Macintyre, está cargado de discusiones. No cabe en este lugar asumir una de sus versiones o definiciones. Para el caso de Bolsonaro nos basta la aplicación de la Constitución y del Código Penal que definen como delitos los actos que él y la organización delictiva perpetraron. Cabe enfatizar que no se trata de una cuestión de cálculo sino principio, de pura y simple aplicación de las penas penales.

      La Constitución de 1988 es límpida cuando define la

      “Abolición violenta del Estado Democrático de Derecho

      Art. 359-L. Intentar, con empleo de violencia o grave amenaza, abolir el Estado Democrático de Derecho, impidiendo o restringiendo el ejercicio de los poderes constitucionales:

      Golpe de Estado

       Art. 359-M. Intentar deponer, por medio de violencia o grave amenaza, el gobierno legítimamente constituido”.

      El veredicto de la Primera Sala del STF fue clara frente a los actos praticados por Jair Messias Bolsonaro y por la organización criminal.

      Todo eso fue organizado y planeado como un intento frustrado que, de por sí, ya constituye un delito. La sentencia es adecuada a los delitos y por eso justa:

      “Condeno al reo JAIR MESSIAS BOLSONARO por los delitos de organización delictiva armada, intento de abolición violenta del Estado Democrático de Derecho, golpe de Estado, daño contra el patrimonio de la Unión y deterioro del patrimonio destruido a la pena de 27 años y 3 meses de reclusión” (Supremo Tribunal Federal, 11/09/2025).

      Por primera vez en nuestra historia de golpes y contragolpes se ha llevado a los tribunales a un expresidente, varios militares de alto rango y otros cómplices.

      Como ha sido comentado por periódicos extranjeros especialmente de USA: la democracia brasilera y sus instituciones se han mostrado más sólidas que la norteamericana, considerada siempre como realidad de referencia.

      Para la comunidad jurídica y la más alta corte ha quedado claro que “no puede tener indulto, no puede tener amnistía, no puede tener perdón judicial alguien que intentó destruir  la democracia”. El país ha dado un salto decisivo hacia su solidez y madurez. La gran mayoría de la población ha dado un profundo suspiro de alivio. ¡Por fin se hace justicia!

*Leonardo Boff, teólogo, filósofo y escritor ha publicado Brasil: concluir la refundación o prolongar la dependencia, Vozes 2018.

Der Fall Bolsonaro: Uns obliegt die Gerechtigkeit, Gott die Rache

Leonardo Boff              

Mein verstorbener Vater, ein Lehrer, der eine ähnliche Methode wie Paulo Freire anwandte, unterrichtete die Schüler und Schülerinnen von Planalto-Concórdia-SC und gab ihnen immer folgenden Rat mit auf den Weg: „Rächt euch niemals; die Rache gehört Gott; und vertraut immer auf die göttliche Vorsehung”. Diese Lehre bleibt als unvergängliches Vermächtnis für seine Schüler, Schülerinnen und seine elf Kinder bestehen. Die Heilige Schrift bekräftigt immer wieder: „Die Rache gehört Gott.“ Es ist das endgültige Urteil dessen, der tatsächlich endgültig über unser Lebensprojekt urteilt. Es steht uns nicht zu, über Menschen zu urteilen, denn sie besitzen etwas Geheimnisvolles, das nur Gott durchdringen kann. Es steht uns zu, konkrete Taten zu beurteilen, denn diese sind objektiv und können beurteilt werden. Dies gilt für den Aufsehen erregenden Fall des Prozesses gegen die kriminelle Organisation, die einen Staatsstreich unter der Führung des ehemaligen Präsidenten Jair Messias Bolsonaro geplant hatte. Sie wurden angeklagt und verurteilt. Es gab keinen Rachegeist seitens der Richter, sondern die strikte Anwendung  der Gesetze und der Verfassung: 27 Jahre und drei Monate Haft in einem geschlossenen Gefängnis. Er wurde nur für fünf objektiv nachgewiesene Verbrechen verurteilt, von den vielen, die er begangen hatte.

So sehr wir auch suchen, er hat kein positives Vermächtnis hinterlassen. Während seiner Regierungszeit brach ein Reich der offiziellen und populären Boshaftigkeit aus. Sein Motto kam bei einem Treffen mit der ultra-konservativen US-Gruppe Tea-Party deutlich zum Ausdruck: „Ich habe nicht vor, etwas aufzubauen, sondern alles zu zerstören, um eine neue Geschichte zu beginnen.“ Und genau das tat er auch: Er zerstörte alles, was er konnte, ohne etwas Positives für das Volk aufzubauen.

Ich würde sagen, dass die verschiedenen Schatten, die unsere Geschichte beflecken, durch ihre böswilligen Praktiken ihre volle Dichte erreicht haben: (1) Der Makel des Völkermords an den Indigenen: Hunderte von Yanomami und anderen wurden dem Tod überlassen; (2) der Makel der 350-jährigen Sklaverei: Seine Worte lauteten: „Schwarze Menschen wurden aufgrund ihres Körpergewichts legal versklavt”; die Quilombolas „sind zu nichts zu gebrauchen, nicht einmal als Fortpflanzungsmittel”; (3) der Makel des Kolonialismus: Das Brasilien, das Bolsonaro verehrt, ist das koloniale Brasilien, unterwürfig und devot, das vor der amerikanischen Flagge salutiert, das die Folter und Erschießung von Feinden verherrlicht, das unser größtes Naturerbe, den Amazonas und das Pantanal, völlig vernachlässigt hat; (4) Das Stigma der Besetzung des Staates durch die herrschende Klasse: Bolsonaro, der nichts zu verwalten versteht, übertrug der Legislative Aufgaben, die eigentlich der Exekutive obliegen, wie die Verwaltung des Haushalts; er gab nicht nur den wohlhabenden Klassen auf dem Land und in der Stadt freie Hand, sondern militarisierte auch einen Großteil des Staatsapparats; (5) Schändlich waren seine Leugnungen des Impfstoffs gegen Covid-19, wodurch er für 430.000 vermeidbare Todesfälle von insgesamt 716.626 Opfern verantwortlich ist; er beleidigte die Opfer, indem er den Tod eines von ihnen nachahmte, mit offenem Mund, verzweifelt nach Sauerstoff suchend; Er betrachtete die Pandemie als „eine kleine Grippe” und behandelte den Schmerz derer, die Angehörige verloren hatten, als „bloßes Gejammer”; er verspottete die Familienangehörigen, die ihre Toten nicht zu den improvisierten Friedhöfen begleiten konnten; (6) Er hatte eine souveräne Verachtung für die Armen, „Sie haben nur einen Nutzen, nämlich den, dass sie wahlberechtigt sind und einen  Dummkopf-Abschluss haben… Sie taugen zu nichts, die meisten von ihnen sind für die  Zukunft unseres Landes nutzlos”; (7) Er zeigte sich als Feind der Wissenschaft, der Bildung, der Menschenrechte und der wissenschaftlichen Forschung und versetzte das Land in die Zeit vor der Aufklärung zurück; (8) Zu den  perversesten Handlungen gehörten diejenigen, die das Volk verdummten, mit vulgären Ausdrücken, offenem Hass gegen LGBTQ+1 und klarer Frauenfeindlichkeit, bis hin zur Scham, eine Tochter zu haben, „die Frucht einer Schwäche“; er verbreitete Fake News und eine Welle des Hasses, die Familien spaltete und soziale Beziehungen vergiftete; (9) Er manipulierte explizit die religiöse Rede, indem er durch sein wahrhaft pharisäisches Verhalten und zu rein wahltaktischen Zwecken der religiösen Botschaft widersprach, was im Widerspruch zum säkularen Charakter des Staates steht. (10) Schließlich war etwas Unerhörtes und Äußerst Grausames in unserer 135-jährigen Geschichte als Republik die Absicht, den Minister des Obersten Bundesgerichts Alexandre de Moraes zu ermorden und Präsident Lula und seinen Vizepräsidenten Geraldo Alckmin zu vergiften. 

Diese Taten verdienen die Abscheu selbst eines nur halbwegs menschlichen und sensiblen Geistes. Hier kommt die Gerechtigkeit ins Spiel, die nach dem Gesellschaftsvertrag urteilt, der in der Verfassung von 1988 und dem Strafgesetzbuch verankert ist. Ich weiß, dass der Begriff der Gerechtigkeit, von den griechischen Klassikern mit Sokrates, Platon und Aristoteles bis hin zu den modernen John Rowls und MacIntyre, umstritten ist. Es ist hier nicht angebracht, eine Version oder Definition zu übernehmen. Im Fall Bolsonaro ist die Anwendung der Verfassung und des Strafgesetzbuches, die die von ihm und seiner kriminellen Organisation begangenen Taten als Verbrechen definieren, ausreichend. Es ist wichtig zu betonen, dass es hier nicht um Berechnung, sondern um Prinzipien geht, um die schlichte und einfache Anwendung von Strafen.

Die Verfassung von 1988 definiert klar: „Gewaltsame Abschaffung des demokratischen Rechtsstaats. Art. 359-L: Versuch, den demokratischen Rechtsstaat durch Gewaltanwendung oder ernsthafte Drohung abzuschaffen und die Ausübung der verfassungsmäßigen Macht zu verhindern oder einzuschränken: Staatsstreich. Art. 359-M: Versuch, die rechtmäßig eingesetzte Regierung durch Gewalt oder ernsthafte Drohung zu stürzen.“ Das Urteil des Ersten Senats des Obersten Bundesgerichts (STF) war in Bezug auf die von Jair Messias Bolsonaro und der kriminellen Organisation begangenen Taten eindeutig. All dies war als gescheiterter Versuch organisiert und geplant, der an sich schon ein Verbrechen darstellt. Das Urteil war den Taten angemessen und daher gerecht: „Ich verurteile den Angeklagten JAIR MESSIAS BOLSONARO wegen der Verbrechen der bewaffneten kriminellen Vereinigung, der versuchten gewaltsamen Abschaffung des demokratischen Rechtsstaats, des Staatsstreichs, der Sachbeschädigung von Bundeseigentum und der Sachbeschädigung von denkmalgeschütztem Eigentum zu einer Freiheitsstrafe von 27 Jahren und 3 Monaten“ (Oberster Bundesgerichtshof, 11. September 2025).

         Zum ersten Mal in unserer Geschichte von Putschen und Gegenputschen wurden ein ehemaliger Präsident, mehrere hochrangige Militärs und weitere Komplizen vor Gericht gestellt. Ausländische Zeitungen, insbesondere die US-amerikanischen, kommentierten, dass sich die brasilianische Demokratie und ihre Institutionen als solider erwiesen als die der Vereinigten Staaten, die stets als Maßstab galten. Für die Rechtsgemeinschaft und das höchste Gericht war klar: „Es kann keine Begnadigung, keine Amnestie, keine gerichtliche Begnadigung für jemanden geben, der versucht hat, die Demokratie zu stürzen.“ Das Land machte einen Quantensprung in Richtung Solidität und Reife. Die große Mehrheit der Bevölkerung atmete tief durch. Endlich war Gerechtigkeit geübt worden!

Leonardo Boff Theologe, Philosoph und Schriftsteller von: Brasil: concluir a refundação ou prolongar a dependência, Vozes 2018. (Brasilien: die Neugründung abschließen oder die Abhängigkeit verlängern.)

Der Niedergang der amerikanischen und europäischen Arroganz

                        Leonardo Boff                                     

 Derzeit erleben wir einen erbitterten Wettstreit zwischen einer unipolaren Weltanschauung, die mit aller Härte durchgesetzt wird, mit Handels- und Hybridkriegen seitens der Vereinigten Staaten unter Donald Trump und der Europäischen Union, und einer multipolaren Weltanschauung, die von den beiden Großmächten Russland und China sowie einem Großteil der Länder des Globalen Südens gefordert wird.

 Was sich hinter diesem Streit verbirgt, ist unter anderem die immense Arroganz der USA und der europäischen Länder. Diese Arroganz ist die berühmte Hybris der Griechen, also der Verlust des Augenmaßes, die Behauptung extremer Selbstherrlichkeit, die übertriebene Überhöhung ihrer eigenen Qualitäten und die Verachtung aller, die nicht so sind wie sie oder sich ihnen unterwerfen. Dies zeigt sich darin, dass sie sich für die Besten der Welt halten, dass sie die beste Regierungsform, die Demokratie, haben, dass sie die Menschenrechte eingeführt haben, die beste Technologie, die mächtigste Wirtschaft, die zerstörerischste Militärmacht, die sich jetzt wieder aufrüstet, die offenbarten Heilswahrheiten, das Christentum. Nach Ansicht der Griechen wurde die Hybris von den Göttern bestraft. Und wie sieht es heute aus?

 Diese Arroganz führte weltweit zu Konflikten und Kriegen gegen alle anderen, angefangen bei der gewaltsamen Kolonialisierung der Welt durch Europa im 16. Jahrhundert bis hin zu den großen Kriegen des 20. Jahrhunderts. Zu Recht stellte Samuel P. Huntington in seinem umstrittenen Buch Der Kampf der Kulturen und die Neugestaltung der Weltordnung  (Objetiva 1997) fest: „Es ist wichtig zu erkennen, dass die Einmischung des Westens in die Angelegenheiten anderer Zivilisationen wahrscheinlich die gefährlichste Quelle für Instabilität und einen möglichen globalen Konflikt in einer multikulturellen Welt darstellt” (S. 397). Erwähnenswert ist auch der Historiker Arnold Toynbee, der in seinem zwölfbändigen Werk A Study of History die Entstehung, das Wachstum und den Untergang von Zivilisationen untersucht und dabei der Arroganz als Anzeichen für den Niedergang ganzer Zivilisationen eine zentrale Bedeutung beimisst.

 Kürzlich erklärte der bekannte Ökonom und Ökologe Jeffrey Sachs von der Columbia University gegenüber einem brasilianischen Journalisten (Leonardo Sobreira: Brasil 247 vom 6.9.25): „Die USA litten unter der Illusion, dass sie die Welt alleine anführen würden. Europa leidet unter derselben Arroganz… Nicht nur sind die USA allein, sondern sie haben auch nicht mehr das Sagen. Wir beobachten das Ende eines langen historischen Prozesses. Und diese Arroganz gibt es nicht nur in den USA, sondern auch in Europa… Die Mentalität ist von anhaltender Arroganz geprägt.”

Trump sieht sich selbst als „Kaiser der Welt“ (Lula) und tut, was ihm gefällt. Er zerstört traditionelle demokratische Gewohnheiten in den Vereinigten Staaten und hat mit seinem Handelskrieg (der einen echten, endgültigen Krieg ankündigt) fast die ganze Welt vor den Kopf gestoßen, selbst seine treuesten Verbündeten wie die Europäer und Südkoreaner. Arrogant verhandelt und diskutiert er nicht, sondern setzt seine Politik einfach durch, wie er es gegenüber Brasilien getan hat.

Fakt ist, wie die besten Analysten der globalen Geopolitik feststellen, dass die Ära der amerikanischen Dominanz rapide zu Ende geht. Schlimmer noch: Diese Tatsache zeigt sich in der Europäischen Union, die sich schämen sollte, gegen ihre gesamte zivilisatorische und humanistische Tradition zu handeln, indem sie den unerbittlichen Krieg unterstützt, den Netanjahus Israel gegen den Gazastreifen führt. Tausende sind tot, und Dutzende unschuldiger Kinder werden in einem regelrechten Völkermord unter freiem Himmel getötet. Die Europäer werden an den Rand gedrängt, weil Trump den beschleunigten Erosionsprozess dieser alternden und arroganten Zivilisation erkennt.

Die aufstrebende Macht, die wahrscheinlich die nahe Zukunft bestimmen wird, ist China mit einem keineswegs arroganten, sondern vernünftigen Vorschlag für eine Welt mit einem gemeinsamen Schicksal, die die Ordnung der Vereinten Nationen respektiert und auf Handelsöffnung und Nichteinmischung in die inneren Angelegenheiten anderer Länder basiert.

 In zwei Büchern habe ich mich mit diesem Thema der Arroganz befasst, das unter dem allgemeineren Begriff „Mangel an Augenmaß” zusammengefasst wird, einem Wert, der in allen uns bekannten Ethiken der Zivilisationen vorhanden ist. Maßlosigkeit und die Abkehr vom Augenmaß sind der Auslöser, der den Verfallsprozess einer Kultur, eines sozialen Projekts oder eines persönlichen Verhaltens in Gang setzt.

 Was in der Welt vorherrscht, nennen wir es beim Namen, ist das System des Kapitals – oder, wie manche es lieber nennen -, die Marktwirtschaft (die fast vollständig finanzialisiert ist), einen völligen Mangel an Maß zeigt, wie es die arroganten Big Techs exemplarisch zeigen, von denen einer bereits arrogant von einer persönlichen Anhäufung von einer Billion Dollar träumt.

 Auf diesem Weg der grenzenlosen Arroganz, verbunden mit einer abgrundtiefen Unmenschlichkeit und einem völligen Mangel an Sensibilität gegenüber anderen, nähern wir uns einem Abgrund. Wie Sigmunt Bauman kurz vor seinem Tod warnte: „Wir werden den Zug derer verstärken, die auf ihr eigenes Grab zusteuern.“ Das darf nicht passieren.

 Unser Vertrauen und unsere Hoffnung ermutigen uns, die Vorherrschaft des Geistes (mit seiner natürlichen Spiritualität) gegenüber der Barbarei zu bekräftigen. Er wird sich seiner Abwege und Irrwege bewusst werden. Er wird einen Weg finden können, der uns auf diesem schönen Planeten erhalten bleibt. Und uns eine Zukunft garantieren, in der Arroganz nicht mehr so häufig vorkommt, sondern die Sorge um unser gemeinsames Zuhause und die Liebe unter allen Menschen gedeihen.

Leonardo Boff Autor von:  Die Suche nach dem rechten Maß: Wie der Planet Erde wieder ins Gleichgewicht kommt, LIT Verlag 2023.

(Deutsche Übersetzung: Bettina Gold-Hartnack)