Minha pátria é a Terra e as atuais fronteiras nacionais

    Leonardo Boff

         Atualmente vivemos um choque de estados de consciência que revelam o nível de contradições que afetam a nossa existência na Terra. Ninguém pode negar que constatamos uma nova fase da humanidade e da Terra:o irrefreável processo da planetização.Todos os povos  estão deixando seu exílio milenar, a partir de África, e estão se encontrando num único lugar, na Casa Comum, a Terra. É fato estabelecido de que vivemos num único planeta e não temos outro.

         Entretanto, este fato não é acompanhado por sua natural e devida consciência. Esta seria planetária. Muitos já ingressaram nela e mas não é significativa. A grande maioria tem ainda a consciência de suas nacionalidades. A União Europeia poderia servir de exemplo, ao ter criado uma moeda única, um passaporte, válido para todos os países da União. No entanto, as fronteiras nacionais constituem ainda a referência maior. O único que talvez tenha mostrado uma consciência planetária, teria sido Xi Jinping ao sugerir uma “única comunidade global de destino”.

         Estão em tensão as duas consciências, a contemporânea que sustenta “Minha pátria é a Terra; a alma não tem fronteira; nenhuma vida é estrangeira”. E a outra,  em vias de superação, vinda do Tratado de Westfália de 1648 que estabeleceu os limites e a soberania das nações.

É fato incontestável: o coronavírus não respeitou a soberania das nações. Ele ultrapassou todas as fronteiras e afetou o planeta inteiro. Algo semelhante ocorreu com a crise financeira de 2008 que afligiu as economias mundiais, para além de qualquer fronteira nacional.

         Estamos caminhando para a constituição de uma governança global, no pressuposto de que problemas globais demandam soluções globais e que a Terra constitui, realmente, a Casa Comum como o tem afirmado a Carta da Terra (2003) e a Laudato sì: sobre como cuidar da Casa Comum (2015) do Papa Francisco.

Apesar disso, vigoram um sem número de conflitos territoriais entre Israel e os palestinos, entre a Rússia e a Ucrânia, o conflito no Iêmen, na Síria, em Mianmar, nos países africanos como na Nigéria, no Sudão,na Somália em Burkina Faso. Todos estes conflitos, de alta letalidade, dão mostras de que inexiste ou é parca consciência da Terra como Casa Comum. A partir deste nível de consciência torna-se ridículo e fora do tempo a afirmação excludente das nacionalidades.Hoje é a extrema direita com seu populismo que reafirma as identidades nacionais contra o multiculturalismo.

         Por causa da ausência desta consciência planetária, podia afirmar o Secretário Geral da ONU, António Gutérrez em fevereiro de 2023:Os governos não fazem o suficiente para melhorar o gerenciamento de risco de desastres, o que deixa a humanidade amplamente despreparada para o que está por vir. O aumento do nível do mar ameaça provocar um êxodo de proporções bíblicas”.

Os testemunhos dos astronautas, desde suas naves espaciais, unanimemente afirmaram: desde nossa perspectiva não há diferença entre Terra e Humanidade. Ambas formam uma única entidade. Com razão grandes cosmólogos como Brian Swimme e Thomas Berry podiam asseverar: o ser humano é aquela porção da Terra que num avançado processo de complexificação e de interiorização começou a sentir, a pensar, a querer,a cuidar e a venerar. Foi quando irrompeu no processo cosmogênico o homem e a mulher,seres portadores de todas estas características.

         Chegou a hora de acertarmos o passo de nossa consciência com o curso da Terra, Casa Comum, e sentirmo-nos de fato não só parte da Terra mas aquela parte que sente, pensa, ama e cuida. Assim teríamos alcançado a consciência planetária, capaz de uma ética regeneradora da Terra ferida e de um acordo de paz entre todos os povos, sempre ansiado, dentro da única Casa Comum na qual estará a totalidade da natureza e os diferentes mundos culturais enriquecendo-se mutuamente pelo diálogo e pelas trocas. Assim o queira Deus.

Leonardo Boff escreveu Como cuidar da Casa comum: como protelar  fim do mundo, Vozes 2024.

Minha pátria é a Terra e as atuais fronteiras nacionais

Leonardo Boff

         Atualmente vivemos um choque de estados de consciência que revelam o nível de contradições que afetam a nossa existência na Terra. Ninguém pode negar que constatamos uma nova fase da humanidade e da Terra:o irrefreável processo da planetização.Todos os povos  estão deixando seu exílio milenar, a partir de África, e estão se encontrando num único lugar, na Casa Comum, a Terra. É fato estabelecido de que vivemos num único planeta e não temos outro.

         Entretanto, este fato não é acompanhado por sua natural e devida consciência. Esta seria planetária. Muitos já ingressaram nela e não são muitos. A grande maioria tem ainda a consciência de suas nacionalidades. A União Europeia poderia servir de exemplo, ao ter criado uma moeda única, um passaporte, válido para todos os países da União. No entanto, as fronteiras nacionais constituem ainda a referência maior. O único que talvez tenha mostrado uma consciência planetária, tenha sido Xi Jinping ao sugerir uma “única comunidade global de destino”.

         Estão em tensão as duas consciências, a contemporânea que sustenta “Minha pátria é a Terra; a alma não tem fronteira; nenhuma vida é estrangeira”. E a outra,  em vias de superação, vinda do Tratado de Westfália de 1648 que estabeleceu os limites e a soberania das nações.

É fato incontestável: o coronavírus não respeitou a soberania das nações. Ele ultrapassou todas as fronteiras e afetou o planeta inteiro. Algo semelhante ocorreu com a crise financeira de 2008 que afligiu as economias mundiais, para além de qualquer fronteira nacional.

         Estamos caminhando para a constituição de uma governança global, no pressuposto de que problemas globais demandam soluções globais e que a Terra constitui, realmente, a Casa Comum como o tem afirmado a Carta da Terra (2003) e a Laudato sì: sobre como cuidar da Casa Comum (2015) do Papa Francisco.

Apesar disso, vigoram um sem número de conflitos territoriais entre Israel e os palestinos, entre a Rússia e a Ucrânia, o conflito no Iêmen, na Síria, em Mianmar, nos países africanos como na Nigéria, no Sudão,na Somália em Burkina Faso. Todos estes conflitos, de alta letalidade, dão mostras de que inexiste ou é parca consciência da Terra como Casa Comum. A partir deste nível de consciência torna-se irrelevante e fora do tempo a afirmação excludente das nacionalidades.Hoje é a extrema direita com seu populismo que reafirma as identidades nacionais contra o multiculturalismo.

         Por causa da ausência desta consciência planetária, podia afirmar o Secretário Geral da ONU, António Gutérrez em fevereiro de 2023:Os governos não fazem o suficiente para melhorar o gerenciamento de risco de desastres, o que deixa a humanidade amplamente despreparada para o que está por vir. O aumento do nível do mar ameaça provocar um êxodo de proporções bíblicas”.

Os testemunhos dos astronautas, desde suas naves espaciais, unanimemente afirmaram: desde nossa perspectiva não há diferença entre Terra e Humanidade. Ambas formam uma única entidade. Com razão grandes cosmólogos como Brian Swimme e Thomas Berry podiam asseverar: o ser humano é aquela porção da Terra que num avançado processo de complexificação e de interiorização começou a sentir, a pensar, a querer,a cuidar e a venerar. Foi quando irrompeu no processo cosmogênico o homem e a mulher,seres portadores de todas estas características.

         Chegou a hora de acertarmos o passo de nossa consciência com o curso da Terra, Casa Comum, e sentirmo-nos de fato não só parte dela mas aquela porção que sente, pensa, ama, venera, cuida e venera.Assim teríamos alcançado a consciência planetária, capaz de uma ética regeneradora da Terra ferida e de um acordo de paz entre todos os povos, sempre ansiado, dentro da única Casa Comum na qual estará a totalidade da natureza e os diferentes mundos culturais enriquecendo-se mutuamente pelo diálogo e pelas trocas. Assim o queira Deus.

Leonardo Boff escreveu Como cuidar da Casa comum: como protelar  fim do mundo, Vozes 2024.

mas aquela parte que sente, pensa, ama e cuida. Assim teríamos alcançado a consciência planetária, capaz de uma ética regeneradora da Terra ferida e de um acordo de paz entre todos os povos, sempre ansiado, dentro da única Casa Comum na qual estará a totalidade da natureza e os diferentes mundos culturais enriquecendo-se mutuamente pelo diálogo e pelas trocas. Assim o queira Deus.

Leonardo Boff escreveu Como cuidar da Casa comum: como protelar  fim do mundo, Vozes 2024.

Valutazione Etica Globale per la COP30

Leonardo Boff

La Presidenza della COP30 e il Global Ethical Assessment Circle, insieme al Movimento Globale della Carta della Terra, hanno lanciato un invito aperto a tutte le parti interessate a contribuire alla Valutazione Etica Globale (GES).

Pertanto, in qualità di membro della Earth Charter International, mi propongo di rispondere alle domande poste dalla Presidenza della COP30. Considero la Carta della Terra e l’enciclica di Papa Francesco, “Come prenderci cura della nostra casa comune“, le fonti ispiratrici per un’etica globale nei nostri tempi turbolenti.

Domande/Risposte:

1. Perché così spesso neghiamo o ignoriamo ciò che la scienza e i saperi tradizionali dicono sulla crisi climatica e condividiamo o tolleriamo la disinformazione, pur sapendo che le vite umane sono a rischio?

R/ La disinformazione è volontaria. Molti ricchi capi di stato e CEO di grandi aziende sono consapevoli dei rischi, poiché sono presenti e innegabili, come il riscaldamento globale, le inondazioni distruttive che hanno colpito intere città, gli immensi [e recenti] incendi in California, in Amazzonia e in Spagna, e persino la presenza di vari virus, in particolare il Coronavirus, che ha colpito l’umanità intera.

Negano questi dati chiari perché sono anti-sistemici. Il sistema del capitale oggi globalizzato è sempre più concentrato (1% contro il 99%). Prendere sul serio questi dati costringerebbe questo capitale a cambiare la sua logica, a prendersi cura della natura invece di sfruttarla eccessivamente, a coltivare la giustizia sociale ed ecologica. Non è sufficiente de-carbonizzare mantenendo la voracità dell’accumulazione. Come afferma la Carta della Terra: “Adottare modelli di produzione e consumo che proteggano le capacità rigenerative della Terra, i diritti umani e il benessere delle comunità” (§II, 7). Questo sistema disumano e privo di solidarietà non rinuncerà mai ai suoi vantaggi e privilegi. Seguendo la logica del capitale, prima o poi, ci troveremo di fronte a una grande tragedia ecologico-sociale che potrebbe avere ripercussioni sulla biosfera e, in ultima analisi, sulla sopravvivenza degli esseri umani su questo pianeta, che, essendo limitato, non può sostenere un progetto di crescita/sviluppo illimitato.

2. Perché continuiamo con modelli di produzione e consumo che pregiudicano i più vulnerabili e non sono in linea con la Missione 1,5°C?

R/ Non è nell’interesse del sistema dominante di produzione, che sfrutta eccessivamente la natura e i lavoratori, poiché ciò implicherebbe un passaggio da un paradigma di accumulazione a uno di sostegno a ogni forma di vita, sia umana che naturale (CT § I). I rappresentanti di questo sistema antepongono il profitto alla vita, la violenza contro la natura e gli esseri umani, la competizione al di sopra della pace e della collaborazione di tutti con tutti. Non sono consapevoli del fatto scientificamente provato dello “spirito di parentela con ogni forma di vita” (CT § Preambolo c). Questo sistema impedisce “la giustizia sociale ed economica e l’eliminazione della povertà come imperativo etico, sociale e ambientale” (CT III § 9). Nega il suo posto tra tutti gli esseri, poiché tutti sono importanti per comporre il Tutto. Il sistema di accumulazione, sia capitalista o in altro modo denominato, va contro la logica della natura e del processo di cosmo-genesi, poiché “tutti gli esseri devono essere trattati con rispetto e considerazione” (CT § III, 15), cosa che non fa. Qui risiede il suo vuoto etico.

3. Cosa possiamo fare per garantire che i paesi ricchi, i principali produttori e consumatori di combustibili fossili, accelerino le loro transizioni e contribuiscano a finanziare queste misure nei paesi più vulnerabili?

R/ Dobbiamo alimentare l’indignazione contro questo sistema che miete così tante vittime. Dobbiamo avere il coraggio di esercitare ogni tipo di pressione contro questo sistema che uccide e impegnarci a cambiarlo. Utilizzare i movimenti che “si prendono cura della comunità della vita con comprensione, compassione e amore” (CT § I, 2) e fare pressione su Stati e aziende. Saper usare le legislazioni esistenti che proteggono l’ambiente e limitano la concentrazione della ricchezza. Tutto questo è stato ottenuto grazie alla pressione dal basso. Ma l’indignazione e la pressione non bastano. Dobbiamo iniziare con qualcosa di nuovo e alternativo. La via più diretta e con buoni risultati è vivere e promuovere il bio-regionalismo. Valorizzare la regione e il territorio. Non quello stabilito con confini tracciati arbitrariamente dagli Stati, come i comuni. Dobbiamo abbracciare la regione così come la natura l’ha disegnata, con le sue foreste, i suoi fiumi, le sue montagne – in breve, la sua natura e le persone che abitano lì. Essa possiede la sua cultura unica, le sue feste e le sue personalità illustri: “si tratta di proteggere e ripristinare i disequilibri ecologici della Terra, con particolare attenzione alla diversità biologica e ai processi che sostengono la vita” (CT § II, 5). Un modo di produzione può essere realizzato con beni e servizi naturali locali, senza la necessità di grandi fabbriche o di trasporti estesi. Prendendo dalla natura ciò di cui abbiamo bisogno e rispettandone i ritmi e dandole il tempo di riprendersi (§ tutto il capitolo II: Integrità ecologica). È possibile e praticabile “costruire società democratiche che che siano eque, partecipative e pacifiche” (CT ​​§ I, 3), riducendo significativamente la povertà e persino superandola. Il centro è la comunità umana e di vita, e tutto il resto è al servizio di questo centro. Il risultato è il raggiungimento di uno stile di vita sostenibile, come affermato nella Carta della Terra (§ La Via da Seguire), e con il suo sviluppo sostenibile, appropriato a quella regione. Oggi, ci sono innumerevoli regioni nel mondo che vivono questo progetto con grande integrazione di tutti. L’intera Terra potrebbe essere come un arazzo di bio-regioni che interagiscono tra loro e si aiutano a vicenda, preservando così la sostenibilità dell’intero pianeta Terra.

4. Quali tradizioni, storie o pratiche (culturali, spirituali) della sua comunità ci insegnano a vivere in maggiore equilibrio con la natura?

R/ Molte città ripiantano alberi autoctoni in strade e piazze. Altre conducono campagne per riforestare spazi degradati o pulire i fiumi dai rifiuti, specialmente plastica e altri, garantire foreste ripariali lungo tutti i fiumi e i torrenti, incoraggiare l’agricoltura agro-ecologica nei campi e la coltivazione di ortaggi e altri prodotti naturali negli spazi tra gli edifici o sui tetti. Stabilire anche un rapporto amichevole tra consumatori urbani e produttori rurali. Visitandosi mutuamente e scambiandosi saperi. Questo crea una vera democrazia di produzione e consumo.

5. Considerando che dobbiamo garantire la diversità nella collettività, come possiamo mobilitare più persone, leader, corporazioni, imprese e nazioni per sostenere cambiamenti giusti ed etici nella lotta alla crisi climatica? Quali idee e valori potrebbero ispirarci in questa missione?

R/ In primo luogo, dobbiamo condividere ogni tipo di informazione sullo stato della Terra e sulle minacce che gravano su di essa, al punto da mettere in pericolo la biosfera e l’esistenza umana. Qui, è importante fornire dati sull’Earth Overshoot, ovvero la quantità di suolo e di mare di cui abbiamo bisogno per garantire la sussistenza dell’umanità. Si è verificato che la Terra è in rosso. Nel 2024, nei primi sette mesi dell’anno, abbiamo consumato tutti i beni e i servizi rinnovabili della Terra che garantiscono la vita. Attualmente abbiamo bisogno di quasi due Terre per soddisfare il consumo umano, in particolare il consumo opulento dei paesi ricchi, a scapito di gran parte dell’umanità che non possiede cibo a sufficienza e soffre la mancanza di acqua potabile e infrastrutture igienico-sanitarie (CT § III, 10). Solo nel 2024, abbiamo rilasciato nell’atmosfera 40 miliardi di tonnellate di CO², che vi rimangono per cento anni, insieme a 20 miliardi di tonnellate di metano, che è 28 volte più dannoso della CO², sebbene rimanga nell’atmosfera per circa 10 anni. Tutto questo inquinamento produce un effetto serra che riscalda sempre di più il pianeta. Si è ormai superato il livello sopportabile di +1,5 °C. Nel 2025, è a +1,7 °C, al di sopra dell’obiettivo dell’Accordo di Parigi del 2015, che mirava a raggiungere questo livello solo entro il 2030. Il riscaldamento globale è stato anticipato e ha avuto gravi conseguenze umane, con temperature superiori a 40-45 °C nei paesi europei e freddo intenso nel Sud del mondo. La scienza è arrivata in ritardo e non può né arrestare né invertire questo riscaldamento, ma solo avvertire del suo arrivo e mitigarne gli effetti dannosi. Quando la Terra si stabilizzerà al suo nuovo livello climatico? Se le temperature fossero intorno ai 38-40 °C, molte vite non saranno in grado di adattarsi e scompariranno, sia nella natura che nell’umanità. Non abbiamo nemmeno menzionato una possibile guerra nucleare con “distruzione reciproca assicurata” che porrebbe fine alla vita umana. O un altro tipo di guerra utilizzando l’Intelligenza Artificiale Generale, attraverso la quale una potenza può immobilizzarne un’altra in modo tale che nulla possa funzionare: energia, automobili, aerei, razzi, mezzi di comunicazione, fino al punto di mettere in ginocchio l’altra nazione. Questa guerra non è impossibile. Non distrugge nulla, ma soggioga un’intera nazione o l’intera umanità, un dispotismo cibernetico che controllerebbe tutto, persino la vita privata. Un’IA autonoma potrebbe decidere che la specie umana non è più conveniente e stabilire di sterminare la vita sulla Terra.

Tutto questo desolante scenario ci porta a postulare un nuovo paradigma, suggerito dalla Carta della Terra e dalle due encicliche di Papa Francesco: Laudato Si’: sulla cura della nostra casa comune (2015) e la Fratelli Tutti (2020).

La Carta della Terra afferma chiaramente:

Siamo in un momento critico nella storia della Terra, un’epoca in cui l’umanità deve scegliere il suo futuro… La nostra scelta è: o formiamo un’alleanza globale per prenderci cura della Terra e gli uni degli altri, o rischiamo la nostra distruzione e la distruzione della diversità della vita” (2003, Preambolo).

Oppure Papa Francesco:

Siamo tutti sulla stessa barca: nessuno si salva da solo; o ci salviamo tutti, o periamo tutti” (Fratelli Tutti n. 34).

La ​​Carta della Terra invoca il rispetto e la cura per tutto ciò che esiste e vive, e per la responsabilità universale (§ I, 1). Il Papa sottolinea il passaggio dal dominus – paradigma della modernità e prevalente nel mondo – l’essere umano come padrone e signore della natura senza sentirsi parte di essa, al frater, l’essere umano fratello e sorella di tutti gli esseri. Poiché tutti provengono dalla stessa polvere della Terra; tutti hanno lo stesso codice biologico di base (i 20 amminoacidi e le 4 basi azotate); l’essere umano si sente parte della natura, non suo padrone e signore, essendo la sua missione quella di prendersi cura e custodire il Giardino dell’Eden (la Terra). La fraternità universale deve essere, innanzitutto, tra tutti gli esseri umani, formando la grande comunità umana e terrena” (Fratelli tutti, n. 6).

Questo sarebbe il nuovo paradigma. Il centro sarebbe la vita in tutta la sua diversità. L’economia, la politica e la cultura al servizio della vita.

È importante sottolineare che un’etica della cura, della responsabilità generale e della fraternità/sorellanza universale non può essere garantita da sola senza la spiritualità naturale. Questa non deriva direttamente dalla religione, anche se può rafforzarla, ma dalla propria natura umana. Questa spiritualità naturale è parte della natura umana tanto quanto l’intelligenza, la volontà e la sensibilità. Essa si rivela attraverso l’amore incondizionato, la solidarietà, l’empatia, la compassione, la cura e la riverenza per la totalità della natura e dell’universo e per il Creatore di tutte le cose. È l’esperienza della spiritualità naturale con i suoi valori che sostiene i comportamenti etici, necessari per salvaguardare la vita sulla Terra.

Solo questo nuovo paradigma può garantire il futuro della vita in generale, della vita umana e della sua civiltà. Altrimenti, potremmo unirci alla processione di coloro che si dirigono verso il loro fossa comune. Ma come afferma la Carta della Terra: “Le nostre sfide ambientali, economiche, politiche, sociali e spirituali sono interconnesse e insieme possiamo forgiare soluzioni inclusive” (CT § Preambolo c). È qui che risiede la soluzione alla nostra crisi planetaria. Pertanto, prevale la speranza che l’essere umano possa cambiare rotta e inaugurare una nuova fase nell’avventura umana sul pianeta Terra.

(Traduzione dal portoghese di Gianni Alioti)

         Pace e guerra sotto Trump

     Leonardo Boff*

Jamil Chade, giornalista brasiliano e internazionale, ha espresso molto bene il progetto geopolitico di Donald Trump: “Egli ha già chiarito: non si impegnerà nella diplomazia. Agirà con la forza, sia militare che economica e commerciale. La sua costruzione di un nuovo ordine non implica la pace. Ma piuttosto la capitolazione dell’avversario”. Gli accordi tariffari con quasi tutti i paesi sono più imposizioni sue che il frutto di una negoziazione. Questa si chiama capitolazione. È merito del governo brasiliano, riconosciuto da figure di spicco dell’economia e della politica mondiale, non essersi piegato, ma di aver respinto sovranamente l’imposizione di dazi del 50% sui nostri prodotti, per ragioni ingiustificabili. Trump è un militarista e un imperialista.

Pertanto, dobbiamo ricercare le cause nascoste dietro questo imperialismo e la negazione della diplomazia, con la minaccia di guerra e capitolazione. È la sua volontà di dominio, secondo il mantra “un mondo – un solo impero” (quello degli USA). È importante riconoscere che esiste un grave conflitto di interessi geopolitici, etnici ed economici, nonché l’esistenza di profonde disuguaglianze, soprattutto nel Sud globale, rispetto al Nord globale, che potrebbero minacciare l’impero costituito.

È essenziale identificare queste connessioni occulte, come condizione per comprendere la geopolitica di Trump e anche per raggiungere una pace vera e duratura. La risposta non è un’altra guerra. M una pace disarmata e disarmante, secondo l’attuale Papa. Questa pace disarmata utilizza mezzi politici, diplomatici e la partnership con altri governi che a loro volta vogliono la pace, con i movimenti sociali, con la mobilitazione delle religioni e chiese e il coinvolgimento con gruppi che praticono alternative.

Chico Mendes in Amazzonia era un sostenitore di questo tipo di pace disarmata. Ha mobilitato le popolazioni della foresta, i raccoglitori di caucciù e i popoli indigeni per contrastare gli avamposti della deforestazione, organizzando i famosi “empates” (sit-in di persone di ogni tipo – bambini, donne, anziani e lavoratori con i loro attrezzi di lavoro – che si schieravano davanti ai trattori che distruggevano la foresta).

Questo tipo di pace, che si oppone alla violenza, è allo stesso tempo una geopolitica con la sua strategia e tattica, ma anche uno spirito di pace profonda che rinuncia all’uso della violenza come mezzo per risolvere e gestire i conflitti, impegnandosi a renderli il più possibile non distruttivi. Così è antimperialista ed esclude la guerra come mezzo per creare un nuovo ordine tra le nazioni, come vuole Trump. La guerra è perversa perché decima vite, soprattutto, innocenti come nella Striscia di Gaza. Essa si oppone frontalmente al comandamento transculturale: “non uccidere”.

La pace armata non mira alla pace, ma è una pacificazione imposta da Trump. Essa presuppone che la realtà sia un’arena in cui si combattono costantemente conflitti e guerre. La coesistenza tra individui, comunità e popoli è possibile, ma minacciata da continue rotture. Gli stati-nazione e i paesi centrali che egemonizzano la condotta della storia sono campi di battaglia per il potere, per determinare chi è il più forte, con l’eventuale “distruzione reciproca assicurata”.

Il grande giurista e politologo Carl Schmitt (1888-1986), nel suo libro Le categorie del ‘politico’ (il Mulino, 2014), sostiene la tesi che l’identità di un popolo si definisce e si riafferma nella misura in cui è in grado di identificare un nemico e di impegnarsi in un combattimento permanente, attraverso il pregiudizio, la diffamazione e la demonizzazione dell’altro. Non a caso, fu l’ideologo di Adolf Hitler. Carl von Clausewitz (1780-1831: Sulla guerra, 1976) attribuisce centralità alla guerra nella condotta della storia e vede la politica come una guerra condotta con altri mezzi.

Furono proprio queste visioni di violenza a dare origine all’omicidio amministrativo praticato dal colonialismo europeo in Africa, in America Latina e in Asia, decimando milioni di indigeni in pochi anni, come accadde in Messico e nei Caraibi nel XVI secolo.

Con la guerra totale, inaugurata da Hitler nella Seconda Guerra Mondiale, si somma la “fabbricazione sistematica di cadaveri nei campi di sterminio nazisti” (Hannah Arendt). Queste “fabbriche di sterminio” non avevano alcuna necessità militare. Lì prevaleva l’esecuzione banale, burocratica e tecnica della morte, senza alcun scrupolo e senza qualsiasi sentimento morale. Era la pura espressione del razzismo e dell’odio. Solo nel XX secolo, sono state uccise 200 milioni di persone nelle numerose guerre che si verificarono. Ciò rappresenta un alto livello di barbarie e negazione di qualsiasi principio di civiltà.

Infine, negli ultimi anni sono emerse armi di distruzione di massa, in particolare quelle che utilizzano l’Intelligenza Artificiale Generale con i suoi miliardi di algoritmi, in grado di spazzare via la specie umana e gran parte della biosfera.

Questa modalità di guerra ha profondamente alterato la percezione che l’essere umano ha di sé stesso. Egli può autodistruggersi. La sua fine non deriva da un cataclisma naturale o dalla volontà divina, ma dalle proprie decisioni umane o dalla delega a un’intelligenza artificiale autonoma, le cui decisioni sfuggono al controllo umano. Dopo essersi appropriato dell’alfabeto genetico della vita, l’essere umano finisce per appropriarsi della propria morte.

Questo fatto assume dimensioni metafisiche che ci fanno pensare su chi sia l’essere umano e sul suo posto nell’universo. Lui è stato l’ultimo degli esseri superiori a entrare nel processo evolutivo: sarà che non lo sia stato per porre fine a questo processo, diventando il grande killer del nostro sistema solare e colpendo l’intero processo della cosmogenesi?

Sono queste constatazioni altamente perverse che affollano la mente di Trump. È stato scoperto che gli USA, sin dalla loro fondazione, sono sempre stati coinvolti in qualche tipo di guerra, avendo conosciuto solo 17 anni di pace tra le guerre.

Questo non significa che non abbiamo più fiducia nell’essere umano, capace di creare relazioni pacifiche e lasciando così spazio a una pace disarmata e non alla guerra.

Leonardo Boff è un ex professore presso l’Università Statale di Rio de Janeiro (UERJ), professore ospite in diverse università straniere e autore di oltre cento libri su vari argomenti.

(Traduzione dal portoghese di Gianni Alioti)