Por que parece que o tempo passa tão depressa?

Leonardo Boff

Quase todos fazemos a experiência de que tudo está passando depressa demais. Já estamos próximos do Natal, logo depois vêm as festas de fim de ano, o carnaval e assim outras datas. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?

Há uma acirrada discussão entre os cientistas, especialmente físicos e climatólogos, que essa sensação não possui base científica. Estes geralmente se movem ainda dentro do velho  paradigma que não considera a interação de tudo com tudo, como o demonstrou a física quântica e foi assumida pela ecologia integral do Papa Francisco em sua encíclica:”Sobre o cuidado da Casa Comum”(2015) e  ecologia em geral.

Outro grupo pesquisadores, no entanto, que assumem o novo paradigma holístico, como os do HearthMath Institute acolhem a hipótese de que  o sol e a atividade geomagnética influenciam a vida humana e a de todos os seres vivos. É neste contexto que se coloca a influência da Ressonância Schumann para aclarar a sensação de que tudo passa tão rápido.

O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 60-100 km acima de nós .A Terra e a ionosfera agem como uma imensa “caixa” ressonante mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações herzt por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.

Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da atividade eletromagnética terrestre e da Ressonância Schumann, sentiam-se enfraquecidos. Após a viagem espacial deviam repousar por algum tempo até recuperar seu equilíbrio. Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa frequência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90 até hoje, a frequência passou de 7,83 para  9,11,13 e mais hertz por segundo. O coração da Terra disparou.

Então muitos  pesquisadores entre as várias influências solares e eletromagnéticas que a Terra está constantemente submetida, incluíram também a Ressonância Schumann. Afirmam que está bem estabelecido que a dimensão celebral e cardiovascular e o sistema nervoso automático são afetados. Afirmam que não é de estranhar que coincidentemente ocorram desequilíbrios ecológicos e sociais: o aquecimento global da Terra, eventos extremos, com secas severas e grandes inundações pelo excesso de chuvas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, continua sendo de 24 horas,mas  na verdade, a percepção é como se fosse de somente de 16 horas. Portanto, a sensação de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real nesse transtorno dos campos eletromagnéticos e da Ressonância Schumann.

Os dados do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climática e assumidos pelas várias  COPs revelam que estão ocorrendo eventos extremos, o crescimento global do planeta, chegando neste ano a 1,7ºC quando se previa que até 2030  que chegaria a 1,5ºC.

Não podemos mais parar a roda, apenas desacerelá-la mediante um processo de precaução, prevenção, adaptação e de minoração dos efeitos nocivos. Haverá, se não mudarmos de rumo civilizatório, grandes dizimações de espécies e milhões de pessoas poderão correr risco de vida.

A Terra é Gaia, quer dizer, um super-organismo vivo que articula o físico, o químico,m o biológico e antropológica de tal forma que ela se torna benevolente para com a vida. Agora ela não consegue sozinha se autorregular. Temos que ajudá-la, mudando o padrão de intervenção na natureza, de produção e de consumo. Caso contrário, poderemos conhecer o destino dos dinossauros. Nós, seres humanos, somos aquela porção da Terra que sente, pensa, ama, cuida e venera. Temos o imperativo ético, bem expresso no livro do Gênesis (2,15) de guardar e cuidar da Casa Comum.

Esse imperativo deve começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais amor, que é uma energia cósmica e essencialmente harmonizadora. Cientistas desta área testemunham que as pessoas que se alinham à Ressonância Schumann normal (7,83 herzt) se mostram mais cordiais, cuidadosas e compassivas.

Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz que é o equilíbrio do movimento e  fruto da justa medida em todas as nossas atividades.

Leonardo Boff, ecoteólogo e Membro da Comissão Internacional da Carta da Terra.

Der Aufstieg des Faschismus in der Welt

Leonardo Boff

         Weltweit und auch in Brasilien ist ein Anstieg faschistischer Ideen oder autoritärer Haltungen zu beobachten, die alle Gesetze und Vereinbarungen brechen, wie dies deutlich in der Politik des US-Präsidenten Donald Trump mit seinem MAGA-Patriotismus (Make Amerika Great Again) zu sehen ist. Die Versprechen der großen modernen Narrative sind gescheitert. Sie haben zu einer enormen, mehr oder weniger allgemeinen Unzufriedenheit und Depression sowie zu Wellen der Wut und des Hasses geführt. Vor allem aufgrund der ökologischen Forderungen wächst die Überzeugung, dass die Welt so, wie sie ist, nicht weiterbestehen kann. Entweder wir ändern unseren Kurs oder wir steuern auf eine biblische Katastrophe zu. In diesem Zusammenhang sehe ich das unheimliche Phänomen des Faschismus und Autoritarismus, das sich in unserer Geschichte durchsetzt.

Das Wort Faschismus  wurde erstmals 1915 von Benito Mussolini bei der Gründung der Gruppe „Fasci d’Azione Revolucionaria” verwendet. Faschismus leitet sich vom Bündel (fasci) fest zusammengebundener Stöcke mit einer daran befestigten Axt ab. Ein einzelner Stock kann zerbrochen werden, ein Bündel ist fast unmöglich zu zerbrechen. 1922/23 gründete er die Nationale Faschistische Partei, die bis zu ihrem Sturz 1945 Bestand hatte. In Deutschland  etablierte sich der Faschismus ab 1933 mit Adolf Hitler, der nach seiner Ernennung zum Reichskanzler den Nationalsozialismus gründete, die Nazi-Partei, die dem Land strenge Disziplin, Überwachung und den Terror der SS auferlegte.

Überwachung, direkte Gewalt, Terror  und die Auslöschung von Oppositionellen sind Merkmale des historischen Faschismus von Mussolini und Hitler  und bei uns von Pinochet in Chile, Videla in Argentinien und in der Regierung von Figueiredo, Médici und tendenziell auch von Bolsonaro in Brasilien.

Der ursprüngliche Faschismus ist eine extreme Ausprägung des Fundamentalismus, der in fast allen Kulturen eine lange Tradition hat. S. Huntington prangert in seinem umstrittenen Werk „Kampf der Kulturen“ (1997) den Westen als einen der virulentesten Fundamentalisten an, der in den Kolonialkriegen deutliche Anzeichen von Faschismus gezeigt habe. Man stellt sich die beste aller Welten vor, zusammen mit den USA, was ihnen ihrer Meinung nach ihre Einzigartigkeit verleihen würde. Wenn Präsident Donald Trump „America first“ sagt, meint er „nur Amerika“, und der Rest der Welt kann sich selbst helfen.

Wir kennen den islamischen Fundamentalismus mit seinen zahllosen Anschlägen und Verbrechen, aber auch andere Gruppen innerhalb der modernen katholischen Kirche. Diese Gruppen glauben noch immer, die Kirche sei die einzige Kirche Christi, außerhalb derer es kein Heil gebe. Diese irrige und mittelalterliche Sichtweise, die im Jahr 2000 vom damaligen Kardinal Joseph Ratzinger, dem späteren Papst Benedikt XVI., in einem Dokument mit dem Titel „Dominus Jesus“ offiziell veröffentlicht wurde, erniedrigte alle Kirchen, indem sie ihnen den Titel einer Kirche absprach und sie lediglich als Gemeinschaften mit kirchlichen Elementen betrachtete. Gott sei Dank hat Papst Franziskus voller Vernunft und gesundem Menschenverstand solche Verzerrungen entkräftet und die gegenseitige Anerkennung der Kirchen befürwortet, die sich alle im Dienst der Menschheit und dem Schutz unseres ernsthaft bedrohten Planeten vereinen.

Wer behauptet, allein die Wahrheit zu kennen, ist dazu verdammt, ein Fundamentalist zu sein, mit faschistischer Mentalität und ohne Dialog mit anderen. Der Dalai Lama hat es treffend ausgedrückt: Bestehen Sie nicht auf einem Dialog mit einem Fundamentalisten. Haben Sie einfach Mitgefühl mit ihm.

Hier lohnt es sich, an die Worte des großen spanischen Dichters António Machado zu denken, der ein Opfer der Franco-Diktatur in Spanien war: „Nicht deine Wahrheit. Sondern die Wahrheit. Komm mit mir, um sie zu suchen. Behalte deine für dich.“ Wenn wir sie gemeinsam suchen, wird sie vollständiger sein.

Der Faschismus ist nie ganz verschwunden, denn es gibt immer wieder Gruppen, die, getrieben von einem fundamentalen Archetyp, der von der Gesamtheit abgelöst ist, mit allen Mitteln nach Ordnung streben. Dies ist der heutige Protofaschismus.

In Brasilien gab es eine eher komische als ideologische Figur, die den Faschismus propagierte und in dessen Namen Gewalt, die Verherrlichung von Folter und Folterern, Homophobie, Frauenfeindlichkeit und LGBTQ+-Personen rechtfertigte. Immer im Namen einer Ordnung, die gegen die vermeintliche Unordnung der Zeit geschmiedet werden sollte, und zwar mit symbolischer und realer Gewalt.

Unter dem verurteilten Jair Bolsonaro nahm der Faschismus eine mörderische und tragische Form an: Er lehnte den Covid-19-Impfstoff ab, ermutigte zu Versammlungen und verhöhnte das Tragen von Masken. Schlimmer noch: Er ließ mehr als 300.000 der 716.626 Opfer sterben, ohne jegliches Mitgefühl für ihre Familien und Angehörigen. Es war ein krimineller Ausdruck der Verachtung für das Leben seiner Landsleute. Er hinterließ ein finsteres Erbe.

Doch letztlich gründete der Anführer dieses primitiven Protofaschismus, Jair Messias Bolsonaro, eine kriminelle Organisation mit hochrangigen Militärs und anderen, die einen Staatsstreich mit der Ermordung höchster Autoritäten plante, um seine primitive Weltanschauung durchzusetzen. Doch sie wurden denunziert, vor Gericht gestellt und verurteilt, und so entgingen wir einer Zeit der Dunkelheit und abscheulicher Verbrechen.

Faschismus war schon immer ein Verbrechen, wie sich kürzlich im US-Bundesstaat Utah mit der Ermordung des Fundamentalisten Charlie Kirk zeigte – eines rassistischen, islamfeindlichen und homophoben Menschen, der fälschlicherweise zum Märtyrer erklärt wurde. Unter Hitler entstand die Schoah-Bewegung (die die Vernichtung von Millionen Juden und anderen Menschen zum Ziel hatte). Sie nutzte Gewalt als Mittel der Interaktion mit der Gesellschaft, weshalb sie sich nie dauerhaft etablieren kann und wird. Sie ist die größte Perversion der menschlichen Sozialfähigkeit.

Faschismus bekämpft man mit mehr Demokratie und Menschen auf der Straße. Man muss den Argumenten der Faschisten mit vernünftigen Argumenten und dem Mut begegnen, die Risiken, denen wir alle ausgesetzt sind, erneut zu betonen. Man muss hart gegen diejenigen vorgehen, die die Freiheit nutzen, um die Freiheit zu beseitigen. Wir müssen uns zusammenschließen, denn wir haben weder einen anderen Planeten noch eine andere Arche Noah.

Leonardo Boff Autor von: Fundamentalism, Terrorism and the Future of Humanity, SPCK Publishing 2006

Übersetzung von Bettina Gold-Hartnack

El ascenso del fascismo en el mundo

Leonardo Boff*

En el mundo entero y también en Brasil se observa el ascenso de ideas fascistas o de actitudes autoritarias que se saltan todas las leyes y rompen los acuerdos como se nota claramente en la política del presidente de USA Donald Trump con su ufanismo MAGA (Make America Great Again). Las promesas hechas por las grandes narrativas modernas han fracasado. Produjeron una enorme insatisfacción y depresión más o menos generalizadas y olas de rabia y de odio. Crece la convicción, debida especialmente al clamor ecológico, de que el mundo no puede continuar así como está. O cambiamos de rumbo o vamos al encuentro de una catástrofe bíblica. En este contexto veo el siniestro fenómeno del fascismo y autoritarismo imponiéndose en nuestra historia.

La palabra fascismo fue usada por primera vez por Benito Mussolini en 1915 al crear el grupo “Fasci d’Azione Revolucionaria”. Fascismo se deriva de un haz (fasci) de varas, fuertemente atadas, con un hacha sujeta a un lado. Una vara puede romperse, un haz es casi imposible. En 1922/23 fundó el Partido Nacional Fascista que perduró hasta su derrocamiento en 1945. En Alemania se estableció a partir desde 1933 con Adolf Hitler que al ser canciller creó el Nacionalsocialismo, el partido nazi que impuso al país fuerte disciplina, vigilancia y el terror de las SS.

La vigilancia, la violencia directa, el terror y el exterminio de los opositores son características del fascismo histórico de Mussolini y de Hitler y entre nosotros de Pinochet en Chile, de Videla en Argentina y en el gobierno de Figueiredo, de Médici y como tendencia, de Bolsonaro en Brasil.

            El fascismo originario es una derivación extrema del fundamentalismo que tiene larga tradición en casi todas las culturas. S. Huntington en su discutida obra Choque de civilizaciones (1997) denuncia a Occidente como uno de los más virulentos fundamentalistas, que en las guerras coloniales mostró claras señales fascismo. Occidente se imagina como el mejor de los mundos, junto con USA, lo que le conferiría, según ellos, su excepcionalidad. Cuando el presidente Trump afirma “America first” está entendiendo “sólo América” y el resto del mundo que se fastidie.

Conocemos el fundamentalismo islámico con sus innumerables atentados y crímenes, y otros, también de grupos de la Iglesia Católica actual. Estos todavía creen ser la única y exclusiva Iglesia de Cristo, fuera de la cual no hay salvación. Tal visión errónea y medieval, publicada todavía oficialmente en el año 2000 por el entonces cardenal Joseph Ratzinger, después Papa Benedicto XVI, en el documento “Dominus Jesus”, humilló a todas las iglesias, negándoles el título de iglesias, considerándolas solamente comunidades con elementos eclesiales. Gracias a Dios el Papa Francisco, lleno de razonabilidad y de sentido común, invalidó tales distorsiones y favoreció el reconocimiento mutuo de las iglesias, todas unidas al servicio de la humanidad y de la salvaguarda del planeta seriamente amenazado.

Todo aquel que pretende ser portador exclusivo de la verdad está condenado a ser fundamentalista, con mentalidad fascistoide y sin diálogo con los otros. Bien dijo el Dalai Lama: no insistas en dialogar con un fundamentalista. Solo ten compasión de él.

Aquí viene bien recordar las palabras del gran poeta español Antonio Machado, víctima de la dictadura franquista en España: “La verdad, no tu verdad. Y ven conmigo a buscarla. La tuya, guárdatela”. Si la buscamos juntos, entonces será más plena.

El fascismo nunca desapareció totalmente, pues siempre hay grupos que, movidos por un arquetipo fundamental desintegrado de la totalidad, buscan el orden de cualquier modo. Es el protofascismo actual.

En Brasil hubo una figura más hilarante que ideológica que propuso el fascismo en nombre del cual justificaba la violencia, la exaltación de la tortura y de los torturadores, de la homofobia, de la misoginia y de los LGBTQ+1. Siempre en nombre de un orden a ser forjado contra el pretendido desorden vigente, usando de violencia simbólica y real.

Bajo el ahora condenado Jair M.Bolsonaro el fascismo adquirió una forma asesina y trágica: se opuso a la vacuna contra el Covid-19, estimuló las aglomeraciones y ridiculizó el uso de la mascarilla y, lo que es peor, dejó morir a más de 300 mil de las 716.626 víctimas, sin el menor sentido de empatía hacia los familiares y próximos. Fue la expresión criminal de desprecio por la vida de sus compatriotas. Dejó un legado siniestro.

Y finalmente el líder de ese protofascismo rudo, Jair Messias Bolsonaro, forjó una organización golpista con militares de alto rango y otros, para intentar dar un golpe de estado junto con el eventual asesinato de las más altas autoridades, a fin de imponer su tosca visión del mundo. Pero fueron denunciados, juzgados y condenados, y nos libramos así de un tiempo de tinieblas y de crímenes atroces. 

El fascismo siempre ha sido criminal como se ha visto recientemente en Utah con el asesinato de un fundamentalista Charlie Kirk, supremacista, antislámico y homofóbico, proclamado falsamente como mártir. Bajo Hitler se llevó a cabo la Schoah (eliminación de millones de judíos y de otros). El fundamentalismo usó la violencia como forma de relacionarse con la sociedad, por eso nunca pudo ni podrá consolidarse por largo tiempo. Es la mayor perversión de la sociabilidad esencial de los seres humanos.

El fascismo se combate con más democracia y con el pueblo en la calle. Hay que enfrentarse a las razones de los fascistas con la razón sensata y con el valor de reafirmar los peligros que todos corremos. Debemos combatir duramente a quien usa la libertad para eliminar la libertad. Y tenemos que unirnos pues no tenemos otro planeta ni otra Arca de Noé.

*Leonardo Boff ha escrito: Fundamentalismo y terrorismo,Vozes 2009.

Traducción de MªJosé Gavito Milano

El caso Bolsonaro: a nosotros la justicia, a Dios la venganza

Leonardo Boff*

De mi recordado padre, maestro de escuela, con un método semejante al de Paulo Freire,

 educaba a los alumnos y alumnas de Planalto-Concórdia-SC siempre con este consejo: “nunca se venguen; la venganza pertenece a Dios; y confíen siempre en la divina Providencia”. Esa enseñanza permanece como legado permanente en sus alumnos, sus alumnas y sus once hijos. Las Escrituras afirman: “A Dios cabe la venganza”. Es el juicio último de quien juzga definitivamente nuestro proyecto de vida. A nosotros no nos corresponde juzgar a las personas, pues poseen algo del misterio que sólo Dios penetra. Lo que nos corresponde es juzgar los actos concretos pues estos tienen objetividad y pueden ser enjuiciados. Esto se aplica al sonado caso del juicio de la organización criminal que tramó un golpe de Estado teniendo como cabeza al expresidente Jair Messias Bolsonaro. Han sido procesados y juzgados. No ha habido espíritu de venganza por parte de los magistrados, que han aplicado estrictamente las leyes y la Constitución: 27 años y tres meses de prisión en régimen cerrado. Ha sido condenado solo por 5 delitos, objetivamente comprobados, entre los muchos que cometió.

Por más que busquemos, no ha dejado ningún legado positivo. En su gobierno irrumpió el imperio de la maldad oficializada y popularizada. Su lema fue expresado claramente en una reunión con un grupo ultra-conservador de Estados Unidos, el Tea-Party: “no pretendo construir nada, sino destruir todo para recomenzar otra historia”. Y de hecho así lo hizo, destruyó todo lo que pudo sin construir nada de positivo en favor del pueblo.

       Diría que las varias sombras que maculan nuestra historia ganaron con sus prácticas malévolas plena densidad. (1) La mácula del genocidio indígena: dejó morir, entre otros, a cientos de yanomami. (2) La mancha de la esclavitud de 350 años, sus palabras fueron: “las personas negras fueron legalmente esclavizadas en función de su masa corporal”; los quilombolas “no sirven para nada, ni para procreador sirven”. (3) La marca del colonialismo: el Brasil que Bolsonaro venera es el Brasil colonia, servil y sumiso, que saluda la bandera estadounidense, que exalta la tortura y el fusilamiento de enemigos, que descuidó totalmente nuestro mayor patrimonio natural, la Amazonia y el Pantanal. (4) El estigma de la ocupación del Estado por la clase dominante: Bolsonaro, no sabiendo administrar nada, entregó a la Cámara Legislativa funciones que serían del Ejecutivo, como la gestión del Presupuesto; no solo favoreció la acumulación de las clases acomodadas en el campo y la ciudad sino que militarizó gran parte de los aparatos de Estado. (5) Los actos de negacionismo de la vacuna contra la Covid-19 fueron ignominiosos, haciéndole reponsable de 430 mil muertes evitables del total de las 716.626 víctimas; ofendió a las víctimas imitando la muerte de una de ellas, con la boca abierta en busca desesperada de oxígeno; consideró la pandemia “una gripecita” y trataba el dolor de quienes perdían a seres queridos como un lloriqueo inútil, un “mero mimimi”; se burló de los familiares que no podían acompañar a sus muertos a los cementerios improvisados. (6) Tuvo un desprecio soberanos por los pobres, “sólo tienen una utilidad, la de tener el título de elector y el diploma de burro… no valen para nada, en su gran mayoría no sirven para el futuro de nuestro país”. (7) Se mostró enemigo de la ciencia, de la educación, de los derechos humanos, de la investigación científica, haciendo retroceder al país a los tiempos anteriores al iluminismo. (8) Actos de los más perversos fueron los que deseducaron al pueblo, con palabrotas vulgares, con odio manifesto a los LGBTQ+1 y con clara misoginia, hasta el punto de avergonzarse por haber tenido una hija, “fruto de una debilidad”; difundió noticias falsas y una ola de odio que dividió familias y volvió tóxicas las relaciones sociales. (9) Cometió manipulación explícita del discurso religioso, contradiciendo el mensaje religioso por sus actitudes verdaderamente farisaicas y para fines directamente electoralistas, lo que contradice la naturaleza laica del Estado. (10) Finalmente, algo inaudito y de suma atrocidad en nuestra historia de 135 años de república, fue el propósito de asesinar al ministro del Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, de envenenar al presidente Lula y a su vice, Geraldo Alckmin. 

Estos actos merecen la repulsa de una mente mínimamente humana y sensible. Aquí es donde entra la justicia que juzga según el Contrato Social firmado por la Constitución de 1988 y por la ley del Código Penal. Sé que el concepto de justicia, desde los clásicos griegos con Sócrates, Platón y Aristóteles hasta los modernos John Rawls y Macintyre, está cargado de discusiones. No cabe en este lugar asumir una de sus versiones o definiciones. Para el caso de Bolsonaro nos basta la aplicación de la Constitución y del Código Penal que definen como delitos los actos que él y la organización delictiva perpetraron. Cabe enfatizar que no se trata de una cuestión de cálculo sino principio, de pura y simple aplicación de las penas penales.

      La Constitución de 1988 es límpida cuando define la

      “Abolición violenta del Estado Democrático de Derecho

      Art. 359-L. Intentar, con empleo de violencia o grave amenaza, abolir el Estado Democrático de Derecho, impidiendo o restringiendo el ejercicio de los poderes constitucionales:

      Golpe de Estado

       Art. 359-M. Intentar deponer, por medio de violencia o grave amenaza, el gobierno legítimamente constituido”.

      El veredicto de la Primera Sala del STF fue clara frente a los actos praticados por Jair Messias Bolsonaro y por la organización criminal.

      Todo eso fue organizado y planeado como un intento frustrado que, de por sí, ya constituye un delito. La sentencia es adecuada a los delitos y por eso justa:

      “Condeno al reo JAIR MESSIAS BOLSONARO por los delitos de organización delictiva armada, intento de abolición violenta del Estado Democrático de Derecho, golpe de Estado, daño contra el patrimonio de la Unión y deterioro del patrimonio destruido a la pena de 27 años y 3 meses de reclusión” (Supremo Tribunal Federal, 11/09/2025).

      Por primera vez en nuestra historia de golpes y contragolpes se ha llevado a los tribunales a un expresidente, varios militares de alto rango y otros cómplices.

      Como ha sido comentado por periódicos extranjeros especialmente de USA: la democracia brasilera y sus instituciones se han mostrado más sólidas que la norteamericana, considerada siempre como realidad de referencia.

      Para la comunidad jurídica y la más alta corte ha quedado claro que “no puede tener indulto, no puede tener amnistía, no puede tener perdón judicial alguien que intentó destruir  la democracia”. El país ha dado un salto decisivo hacia su solidez y madurez. La gran mayoría de la población ha dado un profundo suspiro de alivio. ¡Por fin se hace justicia!

*Leonardo Boff, teólogo, filósofo y escritor ha publicado Brasil: concluir la refundación o prolongar la dependencia, Vozes 2018.