Oração de Nietzsche: Ao Deus desconhecido

Muitos só conhecem de Nitzsche a frase “Deus está morto”. Não se trata do Deus vivo que é imortal. Mas do Deus da metafísica, das representações religiosas e culturais, feitas apenas para acalmar as pessoas e impedir que se confrontem com os desafios da condição humana. Esse Deus é somente uma representação e uma imagem. É bom que morra para liberar o Deus vivo. Mas não devemos confundir imagem de Deus com Deus como realidade essencial. Nietzsche estudou teologia. Eu pude dar uma palestra na Universidade de Basel na sala em que ele dava aulas, quando fui professor visitante em 1998 lá. Essa oração que aqui se publica é desconhecida por muitos, até por estudiosos do filósofo. Por isso no final indico as fontes em alemão de onde fiz a tradução. No original, com rimas, é de grande beleza. LB

Oração ao Deus desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

        Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

u quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes (1858-1888). O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.

107 comentários sobre “Oração de Nietzsche: Ao Deus desconhecido

  1. Olá Sr. Leonardo Boff. Eu quase nem acredito neste blog. Nem acredito na possibilidade de escrever-lhe e saber que por ventura possa vir a ler. Que maravilha essa internet, quantas são as possibilidades que nos proporciona.
    Desde pequenininha ouço falar no Senhor, na “Teologia da Libertação” vivida pelos meus pais na igreja em que participaram um dia. O Senhor tem me renovado as esperanças e a fé. Muito Obrigada.

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    • Obrigado por suas palavras generosas. Todos os que nos metemos com questão da justiça social, a partir das vítimas e dai a libertação, formamos uma como que comunidade de destino. Mesmo longe estamos perto nos sonhos e na mesma caminhada.
      Caminhemos juntos, irmã, que o Crucificado e Ressuscitado vem conosco.
      um abraco com muita fraternura
      lboff

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      • Olá Leonardo,

        Você saberia dizer se essa prece de Nietzsche é anterior ou posterior à data em que ele lançou a famosa frase “Deus está morto”?
        Abs.Carlos.

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  2. Nietzche, en este poema y otras palabras suyas, me hacer recordar un verso de Antonio Machado para quien la batalla ultima es la que la persona libra a solas. Es ahi cuando los vericuetos insondables del alma dan cuenta del misterio que nos habita. Los creyentes nos damos cita con Dios, pero quienes han luchado contra la institucionalizacion de Dios (i.e. Nietzche), sin duda son mas honestos puesto que le dan cabida al dialogo intimo con lo divino. No me sorprenderia descubrir que Dios encuentra palabras como las de Nietzche mas genuinas que las mias.

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  3. Caro mestre Leonardo Boff.
    Permita curvar-me diante de você em sinal de respeito e reverência. Ainda jovem, na década de 80, através do contato com Irmã Júlia e Irmã Margarida (acho que esse era seus nomes), eu e alguns amigos fomos iniciados na Teologia da Libertação. Éramos todos idealistas e por força da TL que nos mostrou o Cristo Libertador nos tormamos questionadores e até hoje, especialmente no meu caso, na paróquia onde participo sou tachado de encrenqueiro quando questiono dogmas e posições cômodas do paróco e de muitos da comunidade, principalmente com relação à questões sociais.
    Tive a sorte de me encontrar com uma pessoa fantástica, que aliás conviveu com o senhor em São Paulo, Dona Marlene Machado, e que me fez aprofundar ainda mais na TL, só que em vez de teoria partimos para a prática. Para tanto montamos na paróquia a Pastoral da Saúde e uma associação sem fins lucrativos onde trabalhamos de acordo com a proposta crística de libertação. No início fomos bastante incompreendidos e até rechaçados por um padre que passou pela comunidade. Felizmente, apesar dos atropelos inciais, continuamos a caminhada. A Teologia da Libertação é um vírus para cuja infecção não há cura. Ensina a nos vermos no outro, notadamente os deserdados sociais, os leprosos hodiernos.
    Que bom ter encontrado este espaço.
    Toda paz e bem !
    Abraços Gilson Alves Barbosa

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    • Continue em sua luta pela libertação dos oprimidos. Quando Jesus anuncia o amor, não é qualquer amor. É o amor aos desprezados, aos ignorados e aos desprezados. Amar a quem nos ama, que graça tem, diz nos evangelho de São Lucas (cap. 6)? A maioria dos cristãos não ama, nem nunca subiu numa comunidade pobre, nem se deteve a conversar com um empobrecido. Esses não estão na herança de Jesus. Então entenda a incompreensão que recebe como parte do evangelho verdadeiro e do espírito da benaventuranças.
      A luta pelos oprimidos nunca terá fim. E são eles que na tarde da vida nos irão julgar. Deus não nos vai perguntr quantas vezes fmos a missa e comungamos e quanto sacramentos recebemos ou se acompanhamos os programas católicos de TV, a maioria de uma lamentável mediocridade. Mas nos vai apenas perguntar em que medida ouvimos os esquecidos, visitamos os oprimidos e estivemos junto dos famintos. Siga, pois, esse é o seguimento verdadeiro de Jesus e a forma como atualizamos sua mensagem no contexto atual.
      lboff

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  4. Caro Mestre LB, fico emocionado com suas palavras, pois compartilho das mesmas palavras da irmã Ana Célia, principalmente depois de ler o ultimo parágrafo de seu comentário logo acima…
    Agradeço a oportunidade SEMPRE…
    Um abraço fraterno a todos…

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  5. Sensacional! Certamente parte da minha confissão de fé. Eu, como leitor novato de Nietzsche (confesso que ainda estou começando a explorar nosso amigo), já havia ouvido sobre esse poema, mas nunca havia lido ou procurado.

    Gostaria de pedir sua permissão para colocar sua tradução no meu blog, escrevi um texto recentemente que “casa” um pouco com esse seu post, além de meu discurso no geral concordar com ele.

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  6. Lindo, lindo, lindo…… O senhor é um querido mesmo! Nunca desista de cuidar de todos nós, cuidadores da terra. Meus filhos terão seus escritos como uma referência para vida. Obrigada pela sua luta.

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  7. Infelizmente o filósofo não conseguiu nenhum de seus desejos representados no poema, não conheceu a Deus, e não o serviu… preferiu servir ao proprio umbigo…

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  8. Querido Leonardo Boff,

    ao ler o texto que vc postpu sobre o massacre de Realengo, no Rio, me vem à memória uma passagem da sagrada escritura, que diz: “Javé dará força a seu povo, Javé abencoará seu povo com a paz.”(Sl 29,11), diante deste tragico episodio, podemos reflitir sobre a realidade de nosso pais, isto é, como podemos construir a paz na sociedade que vivemos? Já estamos fartos de tantas noticias realcionadas às criancas…so teremos a paz proposto por Jesus, quando de fato lutarmos pra termos uma sociedade justa, fraterna e igualitaria…

    Abraços,

    Ricardo Souza Guaira sp

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  9. […] Publicado por Chicco Sal em 23 de abril de 2011, sábado. Às 15:00, dentro de letras | 368260 Comentárioshttp%3A%2F%2Fwww.pavablog.com%2F2011%2F04%2F23%2Foracao-de-nietzsche-ao-deus-desconhecido%2FOra%C3%A7%C3%A3o+de+Nietzsche%3A+Ao+Deus+desconhecido2011-04-23+18%3A00%3A27Chicco+Salhttp%3A%2F%2Fwww.pavablog.com%2F%3Fp%3D36826 TweetShareTexto de Leonardo Boff publicado originalmente no blog dele […]

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  10. Sr. Leonardo Boff o Senhor tem ai a data em que Nietzsche escreveu este poema? Poderia nos informar, a bem da VERDADE??????

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      • Eu gostaria de saber como encontro essa referência, a obra específica, pois fiz algumas buscas, mas as citações não levam a lugar algum!

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      • Jhone. Veja as fontes: Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes(1858-1888).O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.

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  11. Amo você, querido irmão, Leonardo Boff. Você me fez conhecer o Deus verdadeiro através de seus livros, em especial, “O Senhor é meu Pastor” e por eles, tenho me tornado uma pessoa melhor, mais espiritual e muito, muito, comprometida com meus semelhantes, principalmente os mais necessitados. Sou feliz por conseguir “ver” todos os dias,aqueles que estão à minha espera nas esquinas, nos sinais e em todos os caminhos que faço. A escuridão sumiu. Agora aponto para o alto, para a luz. Para sempre!
    Graça e Paz!

    Cecilia Alencar (Fortaleza(CE)

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  12. Wesley
    Se me permite(m), tenho a resposta: de acordo com seu biógrafo Curt Paul Janz, tomo 1, Nietzsche escrevera este poema em 1864, perto de completar 20 anos, quando terminou o ensino médio na escola de Pforta.
    Já havia passado (e voltaria a passar) por suas crises e contestações religiosas, o que não o impedia de tentar descobrir ou aproximar-se de (seu) Deus.
    Até mais!
    Rogério Bandos
    Franca – SP

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  13. Boa tarde, sábio Leonardo Boff,

    Gostaria muito de uma opinião sua, enquanto conhecedor, teólogo, homem, observador. Já li inúmeros artigos e textos seus, os quais me enchem a mente, permitem enxergar além e antes, me dão respostas, me dão questões. Admiro muito quem é você e o que proporciona ao mundo através da sua obra e feitos.
    Queria saber a sua opinião sobre uma questão. Simples assim. Eu não tenho muito a oportunidade de expor ou falar sobre isso com alguém que realmente admiro pelo conhecimento e experiência em várias outras questões. Só peço desculpas se postei sem categoria específica… É que na verdade eu não soube classificar onde se encaixa a questão a qual me refiro e não queria que estivesse dentro de preceitos religiosos ou mesmo culturais. Eu queria uma elucidação sua, como pensador, o qual respeito inclusive pela franqueza de opinião.
    Sou uma moça intersexual, nasci numa cidade pequena e fui registrada com nome masculino e criada como menino até 7 anos de idade, quando houve a descoberta de um erro de diagnóstico, não pelo aparelho urogenital, que era defeituoso, mas atendia mais à estética do que seria um menino. Era meu jeito de ser, a maneira de pensar, de me relacionar, a natureza mesmo. E eu demorei bastante até me deixar convencer de que eu poderia ser uma menina e mulher praticamente normal, dada a minha criação como a meus dois irmãos e até mesmo uma barreira enorme social.
    Não estou aqui para ganhar ninguém pela pena, ou opiniões baseadas no receio de magoar alguém que faz parte de uma minoria das minorias; quero a sua opinião sincera e baseada num artigo seu, o qual li aqui mesmo, no blog, sobre o que é ser mulher, mãe, o antes e o depois do amor, da maternidade.
    Sempre aprendi que lutar contra as nossas verdades é o maior motivo do nosso sofrimento. Recentemente fui “desmascarada” por alguém que me fez enxergar todos os meus complexos e estou procurando um motivo para saber porque o amor sempre me puniu. Me sinto como se tivesse muita coisa, falta muito ainda… mas quanto mais conquisto minha liberdade física, espiritual e o direito de viver sem amarras, mais longe da plenitude eu me sinto. Vejo que minha mente é sagaz, sem falsa modéstia. Sou uma mulher que aprendeu a pensar demais, mesmo pela criação como um menino, no meio de dois irmãos homens e meus pais nos deram uma bagagem de conhecimento muito boa. Defeitos sempre tivemos e tenho muitos mesmo. Talvez o maior deles, meu orgulho. Mas sem ele, sinto que teria talvez ido por caminhos mais desprotegidos. Sempre enxerguei Deus como a minha consciência, que as vezes falha, quando me altero, por qualquer motivo: álcool, raiva, mágoa… já tive muitas. E nestes momentos sinto que fico “longe” Dele. Porém, normalmente a minha consciência grita em meus ouvidos, mesmo que eu não seja escrava dela e me sinto em paz com meu Deus.
    Mas o amor me feriu na alma. E me fez vir aqui pedir a você uma elucidação. Não posso ser mãe, nunca poderei. Não tenho genitália interna mais. Mas amar eu tenho certeza de que posso sim, quer dizer, pelo que eu acredito que seja o amor. Como fui criada no gênero errado, sinto um vazio enorme, é como se eu não tivesse tido vida enquanto criança e a adolescência foi um período apenas de cura. Depois, na fase adulta, vieram os questionamentos, vícios do ego, que, é claro, sempre tive e muitas vezes consegui combater. Mas estar apaixonada, pra mim, foi um momento maravilhoso para ser rejeitada logo em seguida. Sinto que neste ponto tenho mais bloqueios ainda, por ter sido criada na minha mente a idéia de que talvez só seria aproveitada momentaneamente, já que o don da maternidade não me cabe, o que me deixa muito triste. Quero muito adotar uma criança algum dia, me deixar descansar de dores fortes e minha questão, aqui, é simples: O que você teria a dizer para alguém como eu, para uma mulher que nasceu com essa disforia, mesmo que fisicamente indefinida, com tecidos gonadais não definidos, sendo impossibilitada de ser mãe. Seria eu incapaz também de ser plena como mulher? Ouvi dizer muito nesta vida que somos o que queremos ser. Que a nossa mente nos comanda, que o que importa é o que sentimos… mas eu sinto mais ainda que, apesar de ter um pensamento amplo e vivência em dois mundos, é além disso. Tenho a percepção clara de que vim aqui para ser mulher e mãe, ainda que a vida e as pessoas me digam o contrário. Até mesmo o homem que amei com verdade. E ele está certo em parte. Como posso ter este sonho tão enraizado na alma, se meu organismo nasceu despreparado? E já que minha essência é toda esta, porque minha mente me dá provas de que não? Como posso ter dúvidas a respeito da minha anima, se tenho a clara sensação de que vim a este mundo como mulher? As vezes sinto que o Universo não permitirá que eu avance, as vezes sinto que perco o rumo, a força. Mas consigo voltar, na dificuldade mas nunca na hipocrisia de ser coitada. Sou, acima de tudo, buscadora de algo maior e não desisto de buscar. Queria um parágrafo seu, prezado Leonardo. Um sincero… como todos… mas um para mim, de verdade e com verdade. Te agradeço muito e desejo o melhor. Grande abraço.

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    • Cara cleo, desculpa por intrometer neste assunto. O mistério da vida se apresenta com distinção para cada pessoa existente. Com você o mistério é distinto, porém a plenitude do amor é a mesma que transcende o cosmo, sem distinção. Gostaria de indicar uma pessoa que lida especificamente com essa área. Penso que nosso grande leonardo é um homem de profundo entendimento e pode te dar uma orientação. Se quiseres uma ajuda a mais nesta grande caminhada cósmica, você pode enviar um e-mail.

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      • Boa tarde, Nilton… Claro que aceito e preciso sim de elucidação e troca de idéias, ajuda e conforto. Para qual endereço de e-mail eu poderia escrever?

        Desde já obrigada pela atenção.

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      • Nilton, bom dia. Até hoje aguardo um endereço de e-mail, que ano procurar por aqui não encontrei. Peço desculpas se está aqui em alguma guia do blog, mas não encontrei. Você poderia me passar o endereço? Agradecida.

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  14. Prezada Cleo Nasser, pude atentamente ler seu comentário. O texto permite escapar o estado de angústia extravasada ao escrevê-lo. De fato, são tantos sentimentos aflorando a um só tempo, tantas coisas pra pensar a respeito dos conflitos de sua realidade físico-corpórea com os papéis que a cultura impõe. Acredito que você precisará ainda de um esforço maior e melhor localizado para a auto-aceitação e definição identitária.
    Nesse sentido, o encontro com Deus, que você tanto anseia, implica um encontro consigo mesma – tal labuta você já iniciara de longa data.
    Caso queria conversar mais a respeito, posso apresentar pessoas mais competentes que eu, ou eu mesmo me coloco a disposição para conversar sobre a vida, já que gosto muito de me aprofundar nesta fundamental temática. Meu e-mail é beneditogr@oi.com.br.
    Abraços!

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    • Boa tarde Mestre!
      Faço um curso de extensão em teológia no Convento Franciscano em Divinopolis (MG) ( Província de Santa Cruz). O curso é coordenado pelo Frei Jacir Freitas e neste final de semana tivemos aula sobre a Filosófia das Religiões. Nesta aula o Professor, dentre vários filósofos, trabalho Nietzsche e apresentou esta oração. Eu e meus colegas de curso ficamos surpresos, pois como um filósofo “tido como ateu”, deixou-nos uma oração tão maravilhosa!

      Obrigado Mestre.

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  15. Nietzsche não acreditava nas idealizações sobre um suposto deus criada pelas religiões, “DEUS ESTÁ MORTO”. E também não acreditava em qualquer tipo de possibilidade de existência de um deus. Sempre disse ser ateu com todas as implicações que esse termo representa.

    De que época é essa oração?

    Ouve uma época que ele queria ser pastor e uma outra em que ele ficou louco.

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    • Pedro,
      Nietzsche não diz que Deus está morto,porque um Deus que morre não é Deus. Diz que nós matamos Deus, o que é outra coisa, vale dizer, Deus na modernidade não é mas fonte de coesão e de sentido terminal.Para ele o oposto à religião não é a irreligião ou o ateismo, mas a solidão, a perda de raizes e sentir-se perdido no mundo. Ele quer resgatar o Deus vivo, aquele que não ficou preso nas malhas das doutrinas religiosas, que representam metafisicas. O Deus da experiência originária. So o consegue negando os conceitos vigentes de Deus. Ele nunca aceitou ser ateu. A oração mostra a sua busca do Inefável.Quando dei aulas em Baseil tive honra de dar palestras na cátedra onde Nietzsche lecionava.
      lboff

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      • Ao meu ver, ele era completamente ateu. Atacava mais diretamente os conceitos religiosos porque são a origem e o meio onde existe a divindade. Se alguém deseja contestar essa crença (existência de deus), tem que ir de encontro aos preceitos contidos nas religiões. Sem tais ideias, deus não existe para o homem. Há também uma maneira científica de contestação, mas Nietzsche não era cientista.
        Ele sabia que existem os preceitos propriamente ditos (o que há nos textos religiosos) e as diversas interpretação dada a eles dentro de um contexto evolutivo histórico. Sabia que mesmo os que se diziam cristãos não seguiam a risca o que os cristianismo pregava (“Deus está morto.”) e também das contradições e incoerências da bíblia, por exemplo. Enfim, entendia os diversos aspectos dessa questão.

        “Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismo, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, aparecem a um povo sólidas, canônicas, obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível, moedas que perderam sua efígie e agora só entram em consideração como metal, não mais como moedas” (Nietzsche, 1978, p. 49).

        “Para ele o oposto à religião não é a irreligião ou o ateismo, mas a solidão, a perda de raizes e sentir-se perdido no mundo. Ele quer resgatar o Deus vivo, aquele que não ficou preso nas malhas das doutrinas religiosas, que representam metafisicas. O Deus da experiência originária.”

        Além de não acreditar em religiões, não creio que Nietzsche acreditasse em qualquer possibilidade de deus:

        ” “Deus”, “imortalidade da alma”, “redenção”, “além”, todos esses são conceitos que nunca levei em conta; nunca com eles sacrifiquei meu tempo, nem mesmo em criança; talvez nunca fosse bastante ingênuo para fazê-lo? Para mim o ateísmo não é nem uma conseqüência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto. Sou bastante curioso, suficientemente incrédulo, demasiado insolente para contentar-me com uma resposta tão grosseira. Deus é uma resposta rude, uma indelicadeza contra nós, pensadores; antes, dizendo-se a verdade, não é senão um tosco empecilho contra nós mesmos: não deveis cogitar dele!”

        Ele se auto-intitulava ateu. Será que ele não dominava bem o significado desse termo? Não creio que era ateu exclusivamente em relação aos deuses das religiões.

        Não se parece nada com Nietzsche essa súplica: “Quero Te conhecer e a Ti servir.”

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      • Pedro,
        Não sei por que faz tanta questão em dizer que Nietzsche era ateu. Inclusive nega a autenticidade da poesia. Nos meus escritos deu as fontes. Vc esquece que primeiro Nietzsche fez teologia e só depois filólogo. Era filho de pastor e de mãe católica. Para entender sua critica à religião leia a interpretação minuciosa de Heidegger que tem um livro inteiro sobre ele. Ademais vale a frase de E.Bloch:só um cristão pode ser ateu e só um ateu pode ser cristão. Eu como teólogo devo ser ateu de muitas coisas das religiões e do própria Igreja para manter-me fiel à essência do religioso e do cristão.
        Mas não vou prolongar esta discussão.
        lboff

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      • ando lendo sobre nietzsche e venho a pensar no modo dele, acho q tou perdendo a fé, nem sei se tiver algum dia, estou tao confusa.isso é normal?

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      • Sulamita
        Niezsche pegou o lado patologico do cristianismo. Tudo o que é são pode ficar doente Mas a doença remete à saude.Ele era um doente desesperado que buscava o Deus vivo e so encontrava idolos. Dai a sua furia. Sua leitura pode ser altamente danosa se tomarmos seus exageros e patologias a serio. Se um médico lhe descrever as milhões e milhoes de bacterias que estão dentro de vc a grande maioria em forma de minhocas, vc ficaria louca. E contudo vivemos e elas regulam a saude de nosso corpo. Nietzsche anunciou a morte de Deus mas ele está morto e Deus vivo.
        lboff

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      • Leonardo Boff, como já corroboraram aqui, o escrito de Nietzsche sobre o Deus desconhecido merece duas observações: A primeira é que o escrito, feito em 1867, o então jovem Nietzsche revela seu fascínio pela literatura grega e dela emerge uma concepção renovadora. Segundo O deus desconhecido da oração não é o deus desconhecido e marcado por Paulo. Tem uma diferença forte aí. Nietzsche era ateu sim, mas não qualquer ateismo.

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      • Marcos, a poesia está no livro de poemas de Nietzsche. Não deve esquecer que ele começou estudando teologia em Basel, até dei uma aula na cátedra dele quando fui professor visitante na Univ. de Basel. Era filho de pastor. Nunca se livrou da ideia de Deus porque era profundo e sabia que ai se encontrava algo do mistério humano. Para ele, Deus não morreu. Nós o matamos, o que é outra coisa. LBOFF

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      • Boff, Deus para Nietzsche morreu. Nietzsche cursou, por convenção familiar, apenas um ano de teologia. Nesse período ele era mais apaixonado por classicismo do que questões religiosas. Ele sabia muito de questões religiosas. Esse deus desconhecido não é o deus que Paulo interpretou. Durante a vida de Nietzsche, a questão de Deus já estava superada, morreu. O perigo era outro.

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      • Marco, Deus morreu porque nós o matamos, quer dizer, segundo Heidegger. não fazemos mais Deus como referência para a coesão humana. Em eu lugar apareceu o desenraizamento e a solidão terrível do homem moderno. Lboff

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      • Sim. Nesse ponto é isso. O problema é que o que houve foi e há é um culto ou velório a Deus.

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      • E outra: no contexto de 1867 , Nietzsche já havia feito escritos críticos a religião cristã como “Fado e História”

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      • E outra: no contexto de 1867 , Nietzsche já havia feito escritos críticos a religião cristã como “Fado e História”. Em 1861 Nietzsche se desentende com sua mãe sobre religião. Leia Fado e História de 1862, antes desse poema. Esse poema é genial por conta disso, Deus não cristão desconhecido.

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      • Deus desconhecido foi uma construçao grega. Vieram e a batizaram. O poema é irônico.

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      • Marcos, não é isso que a literatura séria diz desse poema de Nietzsche que se encontra no livro que reúne todas as suas poesias e que já dei mais de uma vez a fonte. A distorção deve obedecer a outros interesses. Lboff

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      • Talvez, Boff deve ser o seu interesse teológico em questão? Acredito que não. O interesse é bem maior que do poema tem a ver com o Deus cristão.? não. Isso é dúbio. Mas é aquela ideia. Se pegarmos o desenvolvimento do pensamento de Nietzsche, saberemos que mesmo haja essa reverência a Deus cristão, foi na juventude de Nietzsche. As ideias originais de Nietzsche, e isso ele respondeu a sua mãe, não dizem respeito a refutar ou não Deus. Pois Deus se autorefuta. A questão de Nietzsche era bem maior do que isso. Quero dizer que se esse poema fosse escrito no fim de sua vida, talvez não faltaria quem dissesse que seria cristão. Poder-se-ia também dizer que ele era ou cultuava o deus grego em si, sem Paulo. Esse pensamento eu tiro em cima de referências cautelosas. Não tenho nada contra a sua perspectiva teológica, Boff. Eu comecei lendo seus trabalhos e você é bom na sua causa. Nietzsche não gostava do catolicismo, gostava do protestatismo da família. Mas eis que ele progredi seu pensamento e se afasta desse culto ou velório de Deus.

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      • Marco, a mãe de Nietzsche era uma beata católica chata que aborrecia o pequeno filho. Ele critica o lado patologico do cristianismo e não sua intuição original. Nietzsche desmonsta o Deus da metafísica que o objetivas e lhe tira o caráter de mistério,como aparece em sua poesia. Ele quer liberar o Deus verdadeiro, como evento existencial, sem as objetivações das religiões. Toda verdadeira teologia faz isso. Deus não cabe em nossos dicionários e muito menos em nossos conceitos. Nietzsche é suficientemente inteligente pasra saber que um Deus que morre não é Deus. O fato não é esse. É que nós o matamos ou o aprisionamos dentro de conceitos substancialistas e metafisicos como o fez grande parte da teologia cristã, não toda. No meu livro sobre Cristianimo:o mínimo do mínimo, resultado de 50 anos de labor teológico começo com o mistério.Deus é mistério não só para nós, mas para ele mesmo.Cada momento é um totalidade, mas nenhuma dela esgota o misterio. Isso dizem os místicos, especialmente o mestre Eckhart que aconselho a ler. Existe uma tradução de seus principais textos que coordenei e emn parte traduzi.Mais que a teologi é a mística, seja oriental ou ocidental libera Deus das religiões para deixar Deus ser Deus. abraço Lbof

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      • Indico a leitura do texto sobre O deus Desconhecido que está inserido no livro Fator Melquisedeque, só aquilo mostra que sua idéia de que esse conceito não é algo mitológico vindo dos gregos e uma inspiração direta de YHWH

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  16. Interpretações a parte, não creio que um erudito e profundo conhecedor da linguagem iria se auto-intitular ateu, escrever todas aquelas obras e depois se contradizer escrevendo algo desse gênero. Também não há um contexto… Também não vou prolongar…

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  17. Primeiramente é uma honra comentar um texto seu!!! Conheci seu trabalho em tempo de transcendência, através de uma disciplina do Curso de Educação Física!
    Sou evangélico, e desde a primeira vez que ouvi esta oração, percebi que era de uma pessoa que buscava muito a Deus, precisava demais de Deus, no entanto, não da religião…
    Nietzsche trás consigo as mesmas dores e decepções que carreguei! De não aceitar um Deus distante e inacessível a todos, apenas para alguns… Escolhidos… Não, este Deus é totalmente diferente do que ele buscava e entendia… Deus não seleciona os que Ele quer, Deus abraça a todos os que O escolhem…
    Da mesma forma continuam mensagens de um evangelho de prosperidade… Em que o financeiro aqui na terra é a ênfase… Pasmem, pois a própria bíblia diz que “se esperamos em Cristo nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens…” Estudei mais de uma década em colégios de freiras, tradicionais… Conheço diversas igrejas e denominações evangélicas ao longo de 15 anos de conversão… Por isso falo o que concluo, não o que acho… Comento o que vejo, o que vivo… As denominação SÃO INVENÇÕES DO HOMEM… Não de Deus… Cristo não veio ao mundo para criar uma denominação… Não veio para criar religiões… Veio para nos remir os pecados… No entanto o homem em toda sua soberba, autoconfiança e autossuficiência decide criar e recriar até hoje, os mais diversos tipos de religiões e denominações, e junto com elas, cada um delas, um deus diferente…
    E de fato, poucos acabam conhecendo o Verdadeiro Deus…
    O Deus humilde e bondoso, que ao invés de ficar em seu trono de glória, vem até nós, atende nosso chamado, nos ouve, nos trata sem indiferença, bem próximo a nós… Um Deus que Samuel conheceu e podia dizer: Fala Senhor que teu servo te ouve!!

    Por fim, o homem desconhece cada vez mais a Deus…

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    • Tiago
      Concordo com vc que Cristo não veio para criar uma outra religião. Já havia muitas na época. O que ele quis é que surgissem pessoas mais humanas, amorosas, justas, solidárias, compassivas e amigas da vida e de Deus. Essa proposta o levou à cruz que ele a ofereceu para que nossas maldadesfossem perdoadas por Deus.
      Continua na sua busca tendo como referência Jeus, seus evangelhos e os homens e mulheres que no largo da história serviram aos mais vulneráveis e invisíveis.
      um abraço
      lboff

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  18. Caro profeta irmão Boff. Sou Adventista da Promessa, mas experimentei nosso DEUS, a partir de suas reflexões. Ensino meus irmãos a construírem essa consciência de classe. Devo dizer, irmão, que Deus tem tirado o julgo pesado de uma religiosidade falsa e hipócrita, mas juntamente contigo, ficamos indignado com as injustiças do mundo. Nesses tempos em que a igreja se junta com os injustos para rir a caçoar dos que não tem lugar social, o nosso DEUS aparece como a esperança que traz a bonança. O teu livro JESUS CRISTO LIBERTADOR, emprestei a minha namorada Anizia. É muito bom. Que DEUS continue sempre te abençoando. Um dia estaremos Diante daquele prostrados aos Seus pés.

    Nele em Quem espero esse dia tão bom.

    Diomone…

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  19. O nome dele é Friedrich e não Friederich, como está na referencia.
    Confesso que achei o texto estranho. Não só pelo sentido, mas até pelo modo que foi escrito. O senhor poderia publicar também o texto em alemão? Não achei ele na net. Ficaria grato. Pode até me falar onde achar. Ou me dizer como é o título original, pq não achei nada. Obrigado.

    Paz. =]

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      • Sim, sim, eu vi. Mas é que só tem o nome do livro, Leonardo. “Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche” e o livro não ta disponível na internet (Não que eu tenha achado), só tem pra venda no eBay e no Amazonas.com. Ai eu queria saber o nome do poema especifico, pra dar uma olhada nele.

        Ah, e outra coisa que eu acho que o senhor pode me ajudar também, no livro tem a data que Nietzsche escreveu esse poema?

        ps. Acho maravilhoso essa relação que o senhor tem com os leitores. Abraço e fique bem! =D

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      • Obrigado pela ajuda Boff. Fiz uma pesquisa e vi que o poema foi escrito em 1864, ou seja, ele tinha 20 anos. Neste mesmo ano ele entrou na faculdade de teologia e filosofia clássica. Só então começa a estudar Schopenhauer, etc. e começa a desenvolver sua filosofia, publicando o primeiro livro oito anos depois (O Nascimento da Tragedia).

        Agora consigo entender melhor o contexto em que o poema foi escrito. Nietzsche ainda era um garoto, recém saído do colégio. Ainda com vontade de seguir carreira religiosa e muito provavelmente muito ligado à educação recebida parentes protestantes. Só depois começa a desenvolver um olhar absolutamente critico a tudo isso. Mas já no poema em questão ele dá sinais de que já estava se desvinculando da religião que tinha.

        Claramente ele muda drasticamente de opinião e “crença” nos anos seguintes. Em 1888 ele escreve:

        ““Deus”, “imortalidade da alma”, “redenção”, “além”, todos esses são conceitos que nunca levei em conta; nunca com eles sacrifiquei meu tempo, nem mesmo em criança; talvez nunca fosse bastante ingênuo para fazê-lo? Para mim o ateísmo não é nem uma conseqüência, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto. Sou bastante curioso, suficientemente incrédulo, demasiado insolente para contenta-me com uma resposta tão grosseira. Deus é uma resposta rude, uma indelicadeza contra nós, pensadores; antes, dizendo-se a verdade, não é senão um tosco empecilho contra nós mesmos: não deveis cogitar dele!” (Ecce Homo)

        De fato o Deus que Nietzsche diz que está morto é o deus metafórico, já que ele não acredita na existência dele de outro modo. E é exatamente por isso que até os estudiosos não conhecem este poema. Pq não faz parte da linha de raciocínio que ele desenvolveu durante o resto da vida inteira. (Salvo os últimos anos que enlouqueceu.)

        Enfim, muito bom o senhor compartilhar essa poesia conosco. Nós faz conhecer um pouco mais da vida do filosofo e perceber como ele era antes de começar a desenvolver seriamente seu pensamento filosófico.

        ps. Irmão Boff, acho importante o senhor corrigir o nome dele nas referencias do livro. Tem escrito Friederich quando o certo seria Friedrich. Vi muito, mas MUITOS lugares mesmo que estão copiando e colando errado a referencia que tem aqui no blog.

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  20. Ao Deus Desconhecido. Poesia escrita quando Nietzsche tinha menos de vinte anos. Citada por Georg Siegmund, O Ateísmo Moderno, p. 264.Ele era ateu e isso aí é uma inferência infeliz.Todos os deuses morreram; agora viva o super-homem!” – F.
    Nietzsche 3F. Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, I, Da Virtude Dadivosa, 3. p. 60.logo ele era ateu e tentar dizer ao contrário é negar as suas obras.

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    • O Deus que as escrituras sagradas apresenta : escolhe sim individuos,com também prepara seu destino. O Deus das escrituras sagradas, se mostra com único Deus e único caminho,sim como libertador da miserável situação deploravel que o homem se encontra,resgatando-o pada si mesmo por meio de Jesus. Contudo Nietzsche nega a necessidade de uma verdade, quando diz: “Para que e porque a verdade“? E por fim sempre criticou o Cristianismo de forma durissima dizendo que este é um platonismo para o povo. Pelo menos foi esse conclusão que tive ao ler seus livros.

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  21. Achei um artigo acadêmico dizendo que Nietzsche tem vários pontos de encontro com Kierkegaard (genial filósofo cristão), e como se não bastasse meu professor de filosofia ter comentado que, se ele não se enganava, Nietzsche era vitalista (aquele que acredita em alma ou força vital) eu encontrei esse espaço e sua interpretação (que se eu não me engano está em conformidade com interpretação minuciosa de Heidegger).

    Li todos os comentários, e a respeito de alguns pensei: como se não bastasse os equívocos serem convincentes e passarem de mão em mão (pois afinal, não são erros rudes e sim enganos alcançados através da racionalidade) as pessoas não sabem, em silêncio, ouvirem os mais sábios como o senhor e se eu não me engano foi na minha mais remota infância que dei ouvidos ao ditado ”temos dois ouvidos e uma boca para ouvirmos mais que falamos”.

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  22. Olá Boff, Venho qui expressar minha gratidão pelo que tu tem feito pela Igreja do pobres, com seus escritos, opiniões e afirmações que de tal maneira mudou o modo de muitas pessoas pensarem assim como meu. Não sei se vc já ouviu falar mas eu faço parte de um grupo criado por Frei Betto chamado Mística e Revolução – MIRE, faço parte do único grupo ainda ativo no Brasil ( Por enquanto) o núcleo de Mossoró/RN. No mês de Junho realizamos nosso encontro nacional com antigos membros dos núcleos de São Paulo e do Rio. Seus textos fazem parte dos nossos encontros onde nos ajuda a refletir sobre a verdadeira igreja, a igreja do cristo libertador. Muito Obrigado!

    Breno Freitas
    Mistica e Revolução – MIRE
    Mossoró/RN

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  23. Sou seminarista e desde muito cedo comecei a ler suas obras. Sinto-me, assim com a irmã abaixo, honrado em saber que estas linhas serão lidas por você. Continue nos brindando com essas maravilhas publicadas aqui. Estamos juntos na luta por um mundo mais irmão!

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  24. Cleu Laiza pinto.

    conheça o site caiofabio.net , o site te ajudará muito, converse com o Caio fabio, através do programa ao vivo no propio site pela manha. nos vemos por lá!

    abrax.

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  25. Passado essa data :10/04/2013 21:57 onde eu fiz um comentário, ao meu ver agora rídiculo. Continue a ler o Nietzsche, e pude perceber quão profundo ele é. E como ele ainda que fisicamente morto. Ele contínua vivo, e tão atual como nunca. Ao análisar a obra dele hoje, percebo onde ele quis chegar quando a frase ;” deus estar morto”. Sei agora, muito bem que ele estar fazendo uma negação das representações culturais sobre deus, e nós instigar a pensar numa vida além do bem e do mal.
    Sucesso ! Boff!

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    • Wanderson
      Nietzsche não diz que Deus morreu, pois um Deus que morre não é Deus.Diz que nós o matamos,o que bem outra coisa. Organizamo-nos sicialmente de tal forma que já não temos mais raiz e comunhão mas nos sentimos desenraizados e solitários. Ele quer liberar Deus das malhas dos dogmas, das doutrinas, numa palavra, da metafísica (mundo das repreentações) para que ele possa ser sentido como vivo e sentido de nossa caminhada. Precisamos saber ler Nietzsche e ver como ele é um grande libertador das idolatrias e das morais feitas de super-egos castradores e não de quem faz o bem pelo bem sem qualquer outra consideração ou vantagem.
      uma abraço
      lboff

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  26. Leonardo, quando pela primeira vez ouvi falar de você em que citaram seu nome na faculdade de Teologia em que estudo, não tive nunca a percepção de que um dia mesmo via internet pudesse chegar tão perto de você. Isso indica a sua humildade dada por Deus para que você independentemente de onde esteja, possa fazer o melhor pelas pessoas sendo um seguidor de Cristo. Te admiro muito por isso. Ah, e comprei seu livro, ” O cuidado necessário”, irei começar a ler. Abraços da faculdade Refidim e de meus Mestres, sendo um o Dr Sidney Sanches – Outro Teólogo que admiro.

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    • Dalamaria
      Obrigado por suas palavras generosas. A Teologia é importante por colocar as questões mais radicais que o ser humano pode colocar e lhe dá geralmente uma resposta positiva. Onde há religião ai há esperança e promessa de salvação.
      Que o Espirito sempre a acompanhe
      lboff

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  27. Caríssimo Dr.
    Com máximo respeito e admiração que lhe tenho, preciso lembrar: Nietzshce era humano… humano cheio de certeza de todas as suas dúvidas… e nunca deixou nada em contrário. Sua condição humana… tão sacra e impura… o faz ser o grande ateu… nada além de humano! Graças a Nietzshce e seu anticristo!

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  28. REFLEXÃO: Não existiu / Não Existe / Nunca existiu um “DEUS” desconhecido ! Isso é Imaginação do “SER” que não quis e ainda no tempo de hoje não quer reconhecer que DEUS não passa de MORADA ou seja “o ESPAÇO VAZIO” (independente de COR) e só quer saber de NASCER (seja que forma de vida for) ! Cabendo aos SERES +++ INTELIGENTES e capacitados de recursos a unir forças e repartir os bens educando a todos sem amedrontar esse ou aquele ser ! Paz e Bem !

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      • Prof. Leonardo Boff rsrsrsrsrsrsrsrkkkkkkkk provavelmente o Nietzsche falaria a mesma coisa do Prof. rsrsrsrsr mandaria dar a lição nos que se mataram ! se matam até os dias de hoje sem educação de compreensão no que significa “ORAR E VIGIAR” / “AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO” paz e bem

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  29. Boff, desde a primeira vez que tive contato com esse poema (e isso aconteceu quando escutava uma palestra sua sobre espiritualidade), fiquei fascinado. Mas uma coisa agora me inquieta. Se Nietzsche escreveu esse texto tão novo (20 anos), teria escrito da mesma forma pouco antes de morrer, quando ainda estava lúcido, quero dizer, depois de muitos outros anos de vida? O que o senhor acha? Obs.: Na minha opinião, o poema jamais deixará de ser lindo e me tocar profundamente. Obrigado por me revelar o poema mais lindo sobre deus que conheci… Abraço carinhoso, Mateus.

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    • Mateus
      Quando N. fala da morte de Deus não é do Deus vivo e verdadeiro poi esse nao pode morrer. Ele fala que nós matamos Deus, quer dizer, o tiramos da vida e Ele não é socialmente fonte de sentido, o que é verdadeiro. O que N. queria era libertar Deus da metafisica, das religiões que aprisionaram Deus eo fizeram um objeto de adoração. Ele queria o Deus-misterio, o Deus-vida,o que Deus que nasce de dentro de nós. Seguramente ele repetiria o poeta.
      Um abraço
      lboff

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  30. Niezstche, o ser mais espiritual de nosso tempo,como ele não creio neste deus judeu,morto!cruel!assassino!corrupto!estuprador!ciumento!enfim,imagem e semelhança humana,passo!como o grande pensador Nietzsche,creio em um ser muito maior e ainda desconhecido,pois não sabemos seu nome,mas sabemos que é!viva o homem Niezstche.Do fundo do meu ser. Dêmades Gomes

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  31. Boa Noite Dr.Leonardo.O senhor poderia me responder em que ano foi escrito esse poema de Nietzsche?.Obrigada

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  32. Boa noite Leonardo Boff. Lendo este texto parece incoerente os vários livros de Nietzsche a respeito de Deus e cristianismo. Será que ele mudou de opinião ao longo do tempo? Ele reconhecia a divindade de Jesus? Ou simplesmente ele não reconhecia o Deus da igreja daquela época no entanto cria no Deus na bíblia? Ou Nietzsche se tornou totalmente cético a respeito de uma divindade soberana e única?

    Mais velho Nietzsche volta a falar sobre esse Deus?

    Qual o momento histórico que Nietzsche viveu para condenar tanto Deus e o cristianismo?

    Obrigado pela atenção e gostei muito das leituras em seu site.

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    • Leandro, Nietsche fala de que nós matamos Deus, pois um Deus que é Deus não morre. Matamos Deus quando deixamos que ele se tornassse absolutamente insigndicante para a vida tb para a sociedade. No seu lugar não colocou nada. Por isso o homem moderno anda errante e desesperado. Ele condena o Deus feito objeto, algo metafísico pelas religiões tambem pelo cristinismo. Quis libertar o Deus vivo para ser a jovialidade para os homens como diz em outros textos. Importa não esquecer que ele primeiro estudou teologia pois seu pai era pastor e depois passou para aa filologia. Eu em Basei pude dar algumas aulas na cátedra que ele ocupava, quando fui professor visitante lá. Precisamos saber ler Nietszhe até para fazer justiça a ele e as suas intenções. lboff

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  33. Sempre suspeitei que Nietzsche se libertou da religião e encontrou o Deus verdadeiro, que tanto procurava. Como Deus não amaria um homem que fez da missão de sua vida encontrá-lo? Nietzsche é fantástico, e esse poema belíssimo, que eu não conhecia, é só mais uma pista de que muito provavelmente eu esteja certa sobre o filósofo! Espero eu mesma um dia falar com ele no paraíso.

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    • Ludmila, não devemos esquecer que Nitzsche é filho de um pastor e de uma mãe católica muito estrita. Estudou teologia em Basel. Depois passou para a filologia. Tive a honra, quando dei um semestre de prof. visitante em Basel dar uma aula na cátedra em que ele ensinava. Era um buscador desesperado do Deus vivo, encarcerado pela mtafísica da teologia cristã que não permitia sentir Deus como vida, amor e encantamento. Ele procurou libertar Deus destas amarras. Quando fala da morte de Deus não é que Deus morreu pois não seria Deus. Mas que nós matamos Deus, impedindo que seja o sentido radical de nossas vidas e um ponto de referência para a ética da vida e da sociedade.Esse poema que muitos não conhecem revela a busca insaciável do Deus vivo, seu semelhante. Abraço lboff

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  34. Caríssimo Professor,
    Se é verdade que “gratidão” tem memoria curta eu não sei, o que sei, é o que disse o escritor inglês Samuel Johnson: “A gratidão é um fruto de grande cultura; não se encontra entre gente vulgar”. Não tenho grande cultura e luto todos os dias para não me tornar vulgar ao extremo; mas, aprendi que ser grato é saber que eu não sou sem o outro… o que eu diria mais, é a confraria dos fortes? Dos que reconhecem a importância do outro? Penso que sim. Mas, deixe-me dizer o que eu quero dizer: Obrigado! Não só pelos inúmeros artigos que escreves, mas também, por seus livros que liberta a mente e enobrece o homem ao nível de ser humano. Seus livros tiraram-me as vendas e me fizeram enxergar que ninguém se liberta sozinho. Sempre nos libertamos juntos!

    C. S. Cordeiro

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  35. Bem, Sr Leonardo Boff, o considero um dos intelectuais com uma das mentes mais abertas do Brasil. No Seminário Nietzsche Zaratustra (gostaria de saber se tem planos de traduzir este livro), Jung afirma: o ateísmo de Nietzsche não é banal. Como assim? Compare com a situação atual do nosso país. Eu ganho R$ 2.600 líquidos como policial, mas se fosse um dos miseráveis da população, em 2018 o meu voto seria do Lula. Então, no tempo de N. não havia muita escolha. Apesar dele afirmar que conhecia apenas um único psicólogo que viveu num mundo onde o Cristianismo é possível, onde um Cristo pode surgir a qualquer instante, tudo isso cheirava a moral, patologia. Se minhas palavras ofenderam alguém de esquerda, não foi essa minha intenção, pois até mesmo li algo de Gorki e pretendo Foucault (foi influenciado por Marx).

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    • Josiel, lhe dou os parabens porque lê, pensa e faz seus julgamentos do curso do mundo. Estamos injustamente remunerados, especialmente vocês policiis que têm a vida sempre colocada sob risco. Eu desde agosto que não recebo meu salário da UERJ e me viro como posso, pois a situação de outros é pior que a minha. Mas que haja mais justiça, base da paz, que é a grande menagem de Natal. Um abraço Lboff

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  36. Muito profundo…e fascinante. Faz -nos refletir. Encontrei esse texto tb no Livro “Tempo de transferência ” Leonardo Boff.

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  37. A profundidade e sensibilidade de Nietzsche são imensuráveis, a beleza, a estética e o lirismo erudito de suas palavras arremetem-nos a reflexões inimagináveis.

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