Curta de Adriana Miranda O GRÃO selecionado no Festival Cono Sul-Chile

No almoço de despedida com a equipe que realizou a série O tempo da Terra, num ambiente de celebração e de comunhão de ideias, surgiu a primeira sementinha que depois brotou no curta O GRÃO, dirigido por Adriana Miranda. Adriana é filha de minha companheira Márcia Miranda. Toda sua produção, de exímia criatividade e de particular qualidade, nasce de dentro dela, de seu amor pela natureza e pelo propósito de fortalecer as necessárias transformações sociais e ecológicas. Já ganhou prêmios por sua produção artística. Apresentamos agora O GRÃO que foi premiado como The Best Short Documental no festival internacional de Buenos Aires, em fevereiro de 2020. Agora entre muiitos está entre os sete curtas selecionados do Festival del Cine del Cono Sur, en Valparaiso, no Chile. Vejam o expressivo símbolo deste festiva e o trailer do filme. Ficamos felizes pela belaz das imagens e pela mensagem de esperança que transmite.

Leonardo Boff

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Texto da Adriana Miranda

Escrevo pra trazer uma pequena boa noticia, que nos traz inspiração e estímulo, em meio a tanta coisa ruim que vem acontecendo, principalmente se pensarmos em nossa realidade de Brasil. Mais do que nunca, iniciativas positivas se fazem urgentes.

Nosso curta GRÃO, embrião dos documentários longa metragem GRAO e EMPATE, está entre os selecionados para o Festival Internacional de Cine del Cono Sur de 2020! Mais um reconhecimento para este filme que representa esperança. Eu só tenho a agradecer a todos que participaram, à equipe maravilhosa que apostou comigo, aos nossos apoiadores e, sobretudo, àqueles que acreditam e nos inspiram, como nossa personagem Miraci, que luta dia após dia pela construção de um mundo melhor para todos.

É o que me motiva a seguir acreditando que o Brasil é muito mais do que temos visto.

Abaixo o link do depoimento gravado para o festival

https://bit.ly/2TDHK2c

trailer do filme

https://vimeo.com/396818274

esses podemos divulgar 😃

obrigada

bjooo

Adriana Miranda

21.9 9911 8598

vimeo.com/mayufilmes

www.linkedin.com/in/adrianamiranda/

 

 

A laicidade do Estado levada às últimas consequências.

O Estado brasileiro, como a maioria dos Estados modernos, é laico. Quer dizer:  respeita todas as religiões e seus símbolos, sem aderir a nenhuma delas. Garante-lhes a liberdade de seu exercício, logicamente, dentro do quadro legal do país. Veja a coragem deste frade face ao fato de o Ministério Público Federal de São Paulo haver  ajuizado a ação pedindo a retirada dos símbolos religiosos das repartições publicas.

O frade Demetrius dos Santos Silva, corajoso, reagiu positivamente a esta decisão com estas palavras verdadeiras:

” Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas.

Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!

Aliás, nunca gostei de ver a Cruz em Tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são barganhadas, vendidas e compradas.

Não quero mais ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte.

Não quero ver, também, a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados.

Não quero ver, muito menos, a Cruz em pronto-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento.

É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa das desgraças, das misérias e dos sofrimentos dos pequenos, dos pobres e dos menos favorecidos “.

Assinado: Frade Demetrius dos Santos Silva.

 

 

“O Papa tem um espírito radical”confessa o sociólogo Michael Löwy

“O Papa tem um espírito radical” confessa Michael Löwy

Revista ihu on-line -18 Julho 2019

Michael Löwy já frequentou várias vezes este blog. É um sociólogo da religião brasileio-francês, grande conhecedor da Igreja da América Latina especialmente da Teologia da Libertação.Ele tem altamente apreciado a encíclica ecológica do Papa, mas mostrando também algumas limitações com referência sobre os sujeitos da transformação necessária na direção de um novo paradigma.O que não disse na encíclica, disse-o nos encontros com os movimentos sociais mundiais, dando centralidade a estes movimentos que vêm de baixo e que são os verdadeiros profetas do novo.Publicamos este texto pois é uma voz de fora do âmbito eclesiástico mas altamente positiva, sempre com um senso de equilíbrio e interessado nas mediações práticas que levam a transformações.  Lboff
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“O Papa Francisco, embora tenha suas raízes na cultura cristã da libertação latino-americana, combinado com a teologia católica progressista argentina da Teologia do Povo, em um certo momento, vai além, é mais radical, mais antissistêmico”, afirma Michael Löwy, neste diálogo realizado em seu apartamento, em Paris.

A reportagem-entrevista é de Emilce Cuda, publicada por Página|12, 09-07-2019. A tradução é do Cepat.

O autor de Cristianismo de Liberación. Perspectivas marxistas y ecosocialistas – livro que a editora El Viejo Topo acaba de publicar na Europa – não é apenas um dos principais intelectuais do marxismo atual, mas também coautor e promotor do Manifesto Ecossocialista Internacional.

Este homem que define o Papa com a frase: “esse homem tem um espírito radical”, não concorda com a ideia de que a religião é o baluarte do obscurantismo, conforme a viram Marx e Engels. Mantém contato próximo com o Cristianismo da Libertação, categoria a qual dá preferência em relação à Teologia da Libertação. Afirma que a diferença mostra outra perspectiva de crença religiosa no campo político. Segundo Löwy, na América Latina, a religião em vez de entorpecer, desperta. É o mesmo argumento usado pelo teólogo da libertação Gustavo Gutiérrez, em defesa própria, frente a Roma, conforme disse no encontro de Boston sobre a teologia latino-americana, em 2017.

Em seu livro, o sociólogo francês diz aceitar a posição marxista segundo a qual a religião pode ser um narcótico, mas apenas quando se trata de “seitas religiosas que nada mais são do que uma combinação fraca de manipulação econômica, lavagem cerebral obscurantista e anticomunismo fanático”. Seria o caso da nova Teologia da Prosperidade que abona o discurso fascista na América Latina. No entanto, Michael Löwy explica que “embora a religião tenha sido até o século XVII o espaço simbólico no qual forças antagônicas disputavam, na América Latina, a relação se dá ao contrário. Lá, a religião da periferia é revolucionária contra um materialismo absolutista “. Esse é o ambiente social a partir do qual Francisco lê.

Ao longo de sua carreira, Löwy chegou a distinguir com clareza entre um catolicismo intransigente, que se torna um cristianismo social capaz de criticar os excessos do capitalismo liberal, sem realmente se opor à ordem política e econômica de seu tempo – próprio da teologia progressista europeia -, e um cristianismo de libertação que se opõe ao sistema e se organiza para mudar imediatamente as estruturas, próprio da Teologia da Libertação latino-americana. Isto lhe permite descobrir que “a teologia do Papa é outra coisa”, porque “não vem da cúpula para a base como a progressista, nem tampouco da base para a cúpula como na libertação”. Ao contrário, “vai da periferia para o centro”.

A entrevista revela que, segundo o autor, o discurso do atual pontífice “não é propriamente Teologia do Povo“. O argumento é: “Enquanto essa criticava o sistema por sua injustiça social, enfatizando o cultural sobre o econômico, a Laudato Si’ é uma encíclica muito crítica ao sistema econômico, uma crítica radical que vai além da Teologia do Povo, uma encíclica antissistêmica, inclusive anticapitalista, embora a palavra “capitalismo” não apareça”.

No entanto, diz, “o que falta na Laudato Si’ é indicar qual é o sujeito da mudança, porque o Papa não fala sobre isso no documento”. Concorda com Francisco que “temos que mudar”, mas se pergunta “quem irá implementar essa mudança”. Segundo Löwy, o próprio Francisco dá a resposta nas reuniões com os movimentos sociais, “muitos deles, muito radicais”. Vê que ali “o Papa identifica claramente o sujeito da mudança, diz que eles são os que vão mudar as coisas, que têm que assumir essa tarefa e que a mudança está em suas mãos”. O sujeito da mudança não são os de cima, nem os de baixo, mas está nas margens, de acordo com a interpretação que Löwy faz do discurso de Francisco. A mudança vem de fora para o centro. Por isso, afirma que com esse gesto “Francisco aponta que vai além da Teologia do Povo“.

O que leva o Papa a ir além da Teologia do Povo? Löwy supõe que Bergoglio, “quando era bispo e cardeal, defendeu a linha do Vaticano, mas no momento em que é eleito Papa, já não tem que prestar contas a ninguém, exceto para Deus, e isso lhe dá uma espécie de campo aberto, ou seja, fazer o que parece justo sem ter que prestar contas ou se justificar”. Isso explica, por exemplo, segundo este autor, a decisão de Francisco de realizar um encontro de diálogo, em Roma, entre cristãos e pensadores da esquerda marxista, do qual Michael Löwy fez parte. Conta que “ali aconteceu algo surpreendente, novo”.

A partir desse encontro, Löwy observa que “a esquerda tem mais empatia com o Papa do que boa parte dos católicos”. De acordo com sua experiência nesse diálogo, “os católicos que apoiam o Papa não podem segui-lo em sua radicalidade”. Neste contexto, conta que os marxistas diziam: “Veja o que disse o Papa! Tomavam a iniciativa. Os católicos não marxistas só se referiam a Francisco, se os marxistas o mencionavam antes”.

Sua impressão é que Francisco está realmente na vanguarda, alguns passos à frente da Igreja, porque “a Igreja tem um setor reacionário que tenta fazer de tudo para frear o Papa e o expulsar o mais rápido possível, e outro setor que o segue pela a legitimidade que tem. Há uma minoria que, sim, assume sua radicalidade, e realmente está disposta a pensar em termos de Laudato Si”.

Sua reflexão me provoca a lhe perguntar se considera que o Papa tem conhecimento da teoria marxista. Löwy responde que “não se vê entre as suas supostas fontes uma literatura de esquerda, salvo algum teólogo da libertação”. Em relação a isso, destaca que Massimo Borghesi – autor da Biografia intelectual de Francisco -, “apesar de localizar todas as fontes que Bergoglio leu, não levou em conta seu contato social com líderes sindicais, sociais e políticos”.

Segundo Michael Löwy, o Papa “dialoga com os movimentos sociais e ali há um discurso do qual se apropriou”. Diz que “um pensador não é apenas a soma de suas fontes, mas alguém que com esse material cria algo novo, e Bergoglio criou algo novo com toda essa leitura, mais sua experiência social”. Acrescenta que “para além de todas as fontes, o Papa está criando um novo discurso, uma nova teologia sem precedentes, algo que tem a ver com João XXIII – o único precedente semelhante -, mas acredito que ele vai mais longe”.

Frente aos que opinam que a religião não deve se envolver em política, aos 81 anos, Löwy está convencido de que na América Latina “a teologia tem um papel muito importante politicamente”. Tomando o caso concreto do Brasil, argumenta que “não teria existido o PT, nem os sindicatos mais progressistas, nem o movimento campesino MST, sem o trabalho do Cristianismo de Libertação, que é muito mais que a teologia”.

Segundo o autor, “se no próximo período histórico a esquerda conseguir mudar a correlação de forças, será porque esses militantes, ou seja, o povo da pastoral, das comunidades de base, os teólogos, desempenharão um papel muito importante”. Sem eles, nada vai acontecer”. Intui que o movimento social cristão de libertação “terá uma oportunidade histórica, porque agora com Francisco tem um apoio importante”.

Servidão voluntária ou como se submeter à tirania pelo voto

Lineide Duarte-Plon é uma conhecida jornalista brasileira vivendo em Paris. Seus artigos, sempre muito argutos e  com um olhar mais distantanciado dos interesses locais  e por isso mais objetivo, com frequência  escreve sobre a situação do Brasil e do mundo e seus artigos aparecem também aqui, geralmente na Carta Maior. Publicamos aqui o artigo dela pois nos oferece as opiniões dos jornalistas franceses sobre as eleições em nosso pais, nada positivas e muito críticas: Lboff

Carta de Paris: Servidão voluntária ou como se submeter à tirania pelo voto

“O pesadelo se tornou realidade. O maior país da América Latina elegeu um presidente de extrema-direita”, escreveu Libération.

Por Leneide Duarte-Plon
01/11/2018 11:15

Somente os brasileiros que desconhecem a História e o que foi a ditadura militar podem entregar o destino do país aos militares pelo voto, acreditando que não houve ditadura, mas um “movimento”, que inaugurou uma época de ouro em que havia segurança e não existia corrupção.

No dia 28 de outubro, parte do povo brasileiro realizou voluntária e entusiasticamente a previsão do filósofo político e historiador Alexis de Tocqueville em seu livro “De la démocratie en Amérique”, de 1835:

“Sempre acreditei que esta espécie de servidão, regulada, doce e sem guerras (…) poderia se combinar melhor do que imaginamos com algumas formas exteriores da liberdade, e que seria impossível de ser estabelecida até mesmo sob a sombra da soberania do povo. Nossos contemporâneos são frequentemente perturbados por duas paixões contraditórias: sentem necessidade de ser conduzidos e desejo de continuar livres. Não podendo destruir nem um nem outro desses desejos contraditórios, eles se esforçam por satisfazê-los ao mesmo tempo. Imaginam um poder único, tutelar, todo-poderoso, mas eleito pelos cidadãos. Combinam, assim, a centralização e a soberania do povo. Isto lhes satisfaz. Eles se consolam de estar tutelados, pensando que escolheram, eles mesmos, seus tutores”.

Este texto escrito no século XIX é impressionante. Estamos vendo se desenhar no Brasil de hoje essa tutela militar através das urnas. Um povo indo para o abismo, festejando-o como uma vitória, pois ele mesmo escolheu seus tutores e a servidão que se instalará, sobretudo para os mais frágeis.

O capitão do ódio

Os jornais franceses não mediram palavras para falar da “Fulgurante ascensão do capitão do ódio”, como o “Libération” de 30 de outubro, cujo texto principal começa dizendo: “O pesadelo se tornou realidade. O maior país da América Latina elegeu por quatro anos um presidente de extrema-direita, que nunca procurou adocicar seu discurso de ódio e de exclusão contra os militantes de esquerda, os negros, as mulheres ou a comunidade LGBT”.

“Um ilusionista sem escrúpulos” escreveu Nicolas Bourcier, no jornal “Le Monde”. Ele diz em seu texto:

“Por muito tempo, o futuro presidente brasileiro não foi levado a sério, comparado mesmo a um gaiato de frases nauseabundas e nostálgico de um período ditatorial (1964-1985) que se acreditava apagado da memória”.

Bourcier continua:

“Enquanto os discursos anticomunistas dos militares brasileiros autores do golpe de Estado eram feitos, a seus olhos, em nome da democracia, o discurso bolsonarista é feito hoje em nome da ditadura. Um deslize semântico que traz em si mesmo a semente de tensões incalculáveis”.

No Libération de 30 de outubro, o jornalista François-Xavier Gomez escreveu que no dia 1° de janeiro, em Brasília, Jair Bolsonaro vai receber das mãos de Michel Temer a faixa presidencial. “Triste transferência de poder entre um deputado traidor que comandou o complô para afastar a presidente Dilma Rousseff e um extremista que exibe um ‘real desprezo pelas regras democráticas’, como definiu o cientista político Frédéric Louault”.

Um dos artífices da campanha do capitão – que instalará no Brasil um laboratório mundial de governo autoritário ultra-neoliberal e excludente – o americano Steve Bannon, saudou a vitória de Jair Bolsonaro, que ele ajudou a eleger com sua experiência em disseminar fake news pelas redes sociais através de técnicas de captação de grupos. Prática completamente ilegal pois financiada por caixa 2 pago por empresários, que se sabiam cobertos pela justiça eleitoral conivente. Bannon foi o homem decisivo na eleição de Trump, através de sua empresa Cambridge Analytica.

Segundo o jornal francês “L’Humanité”, Bannon comemorou: “Numa parte do mundo onde existe um socialismo radical, caos na Venezuela, crise econômica, com o FMI que decide na Argentina, Bolsonaro representa o caminho de um capitalismo esclarecido e será um governo populista nacionalista”. Nacionalista? O que isso quer dizer na boca de Bannon? Defendendo os interesses dos EUA?

Muito ativo na Europa, Bannon quer formar a frente anti-União Europeia dos eurocéticos nacionalistas, a começar por Marine Le Pen e Matteo Salvini, com quem mantém contatos frequentes. Atribuem a ele a vitória do Brexit, uma das formas que os Estados Unidos usaram para implodir a União Europeia, que querem ver totalmente dependente tanto militar quanto economicamente.

O inimigo interno

Antes mesmo de tomar posse, o novo presidente do Brasil, que o jornalista Eric Nepomuceno chama de “troglodita desequilibrado”, começou a enviar mensagens de vídeo anunciando que vai limpar o Brasil dos “vermelhos”, dos “comunistas”, dos “petralhas”, isto é, dos que ele considera como indesejáveis: os brasileiros de esquerda.

Durante a ditadura, essas pessoas eram apontadas e combatidas como “subversivas”.

Os militares brasileiros importaram o conceito que os franceses definiram como “inimigo interno”, durante a Guerra da Argélia. Para os franceses e seu teórico Roger Trinquier (no livro “La guerre moderne”), o “inimigo interno” eram os que lutavam pela independência da Argélia. Para os militares brasileiros, todos os que combatiam a ditadura.

Em discurso proferido em Caracas, quando comandante do Estado Maior do Exército, em 1973, o general Breno Borges Fortes deixou claro quem os militares viam como “inimigo interno”:

“Ele se disfarça de sacerdote ou professor, de aluno ou de camponês, de vigilante defensor da democracia ou de intelectual avançado, de piedoso ou de extremado protestante; vai ao campo, às escolas, às fábricas e às igrejas, à cátedra e à magistratura; usará, se necessário, o uniforme ou o traje civil; enfim, desempenhará qualquer papel que considerar conveniente para enganar, mentir e conquistar a boa fé dos povos ocidentais. Daí porque a preocupação dos Exércitos em termos de segurança interna frente ao inimigo principal: este inimigo para o Brasil continua sendo a subversão provocada e alimentada pelo movimento comunista internacional” (Jornal da Tarde de 10 de setembro de 1973, citado no meu livro “A tortura como arma de guerra, da Argélia ao Brasil”).

As principais vítimas da ditadura eram, pois, membros do Partido Comunista, de partidos de esquerda e até mesmo teólogos da Libertação, além de intelectuais e artistas.

O Brasil foi também um modelo do exercício do poder controlado pelos militares. Todos os postos importantes eram ocupados por oficiais das Forças Armadas, com a missão de fazer grandes obras públicas. Eles controlavam toda a vida política e econômica.

Em 2019, eles terão a missão de garantir a entrega de todas as empresas do Estado, muitas vezes de interesse estratégico, a grandes grupos estrangeiros.

Em suma, o governo “nacionalista” de que falou Bannon.