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O amor incondicional: para o dia das mães

Leonardo Boff13 Comentários

 

O dia das mães é a festa do amor incondicional. Elas nos deram a vida, nos acolheram e nos colocaram em seu coração. E de lá nunca mais saímos. Quando desanimados, procuramos o seu seio. Quando rejeitados, sabemos onde encontrar abrigo. No meio do perigo é a palavra “mãe” que pronunciamos. E quando nos despedimos desta vida  é ainda o nome “mãe” que nos vem aos lábios. Ela nos introduzirá no grande Útero da Mãe eterna, de infinita bondade e ternura.

Neste dia das mães não fala a inteligência analítica e funcional mas a inteligência emocional e razão cordial. Logico, o comércio explora esse dia, mas o significado da figura da mãe é tão poderoso que não se deixa nunca desvirtuar totalmente.

É excusado sublinhar a importância da figura da  mãe na orientação futura da vida de uma criança. Baste-nos  referir as constribuições inestimáveis de Jean Piaget com sua psicologia e pedagogia evolutiva e principalmente as de Donald W. Winnicot com sua pediatria combinada com psicanálise infantil. Eles nos detalharam os complexos percursos da psiqué infantil nesses momentos iniciais e seminais da vida que nos conferem o sentimento de sermos amados, protegidos e sempre acolhidos.

Hoje não cabe esse tipo de reflexão por mais importante que seja. Tem seu lugar o afeto cujas raizes se encontram há mais de duzentos milhões de anos, quando surigiram no processo da evolução os mamíferos dos quais nós descendemos. Com eles nos veio  o afeto, o amor e o cuidado, guardados como informações até os dias atuais pelo cérebro límbico. Entreguemo-nos brevemente à terna força deste afeto.

Há muitos textos comovedores que exaltam a figura da mãe como o belíssimo do bispo chileno Ramon Jara. Mas há um outro de grande beleza e verdade que nos vem da Africa,  de uma nobre abissínia, recolhido como prefácio ao livro Introdução à essência da mitologia (1941), escrito por dois grandes mestres na área, Charles Kerény e C. G. Jung. Assim fala uma mulher em nome de todas as mulheres e mães.

“Como pode saber um homem o que é uma mulher? A vida da mulher é inteiremante diferente daquela dos homens. Deus a fez assim. O homem fica o mesmo, do tempo de sua circuncisão até o seu declínio. Ele é o mesmo antes e depois de ter encontrado, pela primeira vez, uma mulher. O dia, porém, em que a mulher conheceu seu primeiro amor, sua vida se divide em duas partes. Neste dia ela se torna outra. Antes do primeiro amor, o homem é igual ao que era antes. A mulher, a partir do dia de seu primeiro amor, é outra. E assim permanecerá por toda a vida toda”.

“O homem passa uma noite com uma mulher e depois vai embora. Sua vida e seu corpo são sempre os mesmos. A mulher, porém, concebe. Como mãe, ela é diferente da mulher que não é mãe. Pois, ela carrega em seu corpo, por nove meses, as consequências de uma noite. Algo cresce dentro dela, que jamais desaparecerá. Pois ela é mãe. E permanecerá mãe, mesmo quando a criança ou todas as crianças tiverem morrido. Pois ela carregou a criança em seu coração. Mesmo depois que ela nasceu, continua a carregá-la em seu coração. E de seu coração não jamais sairá. Mesmo que a criança não viva mais”.

“Tudo isso o homem não conhece. Ele não sabe nada disso. Ele não conhece a diferença entre o “antes do amor” e o “depois do amor”, entre antes da maternidade e depois da maternidade. Ele não pode conhecer. Só uma mulher pode saber e falar sobre isso. É por isso que nós, mães, nunca nos deixamos persuadir por nossos maridos. A mulher pode somente uma coisa: ela pode cuidar dela mesma; ela pode se conservar decentemente; ela deve ser o que a sua natureza é; ela deve ser sempre menina e  mãe. Antes de cada amor é  menina. Depois de cada amor é mãe. Nissso poderás saber se ela é uma boa mulher e mãe  ou não”.

Sem dúvida, trata-se se uma visão sublimada da mulher e da mãe. Pois nelas há também sombras que acompanham sempre a condição humana, também feminina.

Mas no dia de hoje, queremos esquecer as sombras para apenas focalizarmos o momento de luz que toda mãe representa. Por isso tantos se movem nesta data: viajam até para longe para ver sua “mãezinha querida”, para dar-lhe um abraço filial e cobri-la de beijos.

Elas merecem. Pois não estaríamos aqui se elas não tivessem tido o infinito cuidado de nos acolher na vida e de nos encaminhar pelos misteriosos caminhos da existência. A elas, nossas mães, o nosso afeto, o nosso carinho e o nosso amor: às vivas e aquelas que estão para além da vida.

Autor do livro em parceria com Rose-Marie Muraro Feminino e Masculino. Uma nova consciência pra o encontro das diferenças (Sextante) 2002.

13 comentários sobre “O amor incondicional: para o dia das mães”

  2. Que maravilhoso!E neste dia vale lembrar que o mundo precisa ser um pouco mais materno, enquanto seres humanos… Gratidão pelo lindo texto que acariciou minha alma! Bjo

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  3. Juntos não há estrelas que não possamos alcançar…
    Nem sonhos que não possamos realizar…
    VAMOS NOS DAR AS MAOS TODAS AS MULHERES DESTE BRASIL..JUNTOS COM OS HOMENS DESTE BRASIL FAREMOS JUNTOS O MAIOR PAIS INTELECTUAL…SE OUVIRMOS O ASTRAL…E PRESTARMOS ATENÇAO NO PLANETA DE CRISTAL…ONDE O AMOR E O PRINCIPAL…
    SO O AMOR CURA…
    Ser feliz é acreditar que é possível fazer o melhor no mundo…
    Ser feliz é ter o melhor da vida…
    Viver é prestigiar o que temos de especial a nossa volta…
    É ter coragem de ousar mais… acreditar mais e caminhar sem medo de um projeto implantar…
    De fazer algo extraordinário e ao mesmo tempo simples e inovador…
    Diferente e com muito amor…
    “Obrigada por fazerem parte dessas pessoas especiais deste universo que acreditam que é possível fazer com que o ser humano não seja somente mais um, mas sim um ser humano maravilhoso e extraordinário e de grande poder intelectual.”
    Tânia Mara Westarb
    Novoriente Amor e Arte Ltda.
    Escritório
    PROJETO GOLD SWEET HOME
    Rua:Aristides Teixeira,135 – sala 405
    Centro Cívico
    Curitiba –PR
    80530110
    041-88823470
    041-30428512
    goldsweethome@yahoo.com.br
    VEJA ESTE VIDEO COM TODO DO SEU CORAÇAO…E AME OS GOLFINHOS E ASSIM AMARA A VOCE MESMO.

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  6. Amigo, Leo, coração mistira amores e e tudo cabe, Tú és um Homem-Mãe em fraternura. Obrigado por tua boa palavra que agrada e pelas suas ações que encanta a alma do poeta. Ir. Everaldo

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  7. Estou lendo teu belo A Ave-Maria: o feminino e o Espírito Santo. Obrigado por nos proporcionar obra tão linda. Outrossim, nós, da Juventude Franciscana(JUFRA) de Niterói, gostaríamos de recebê-lo um dia. Em sendo possível, escreva para jufraporciuncula@yahoo.com

    Muita paz, vosso irmão menor,
    Thiago

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  8. Elizabeth Augusta e as que nao sao maes? 😦 – isto me perguntou a minha amiga Elisabeth Augusta depois de ler este seu texto pois eu postei no FB. Não creio que eu possa responder pelo Doutor. Agradeceria que o fizesse, se possível. Forte abraço)

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  9. Minha amiga Elisabeth Augusta, do FB, me perguntou: e as que não são mães… após ler este texto que lá postei. Não ouso responder. Peço ao Doutor a gentileza de faze-lo, se possível. Muito obrigado!

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  10. “O dia das mães é a festa do amor incondicional. Elas nos deram a vida, nos acolheram e nos colocaram em seu coração. E de lá nunca mais saímos.”

    Leonardo querido, sua bênção.

    Que texto comovente!…
    Um dia li a seguinte frase: “Mãe é a palavra Deus nos lábios de uma criança”.
    Realmente, o amor que mais se aproxima do divino é o materno. Este seu artigo expressa bem isso.
    No seu livro em parceria com Fr. Betto, “Mística e Espiritualidade”, fiquei muito comovida quando o sr. se refere à profunda experiência de Deus que sua mãe vivia, quando ela lhe perguntou: “Meu filho, você já viu Deus? …Pois eu sempre o vejo”…
    Com certeza, agora na “real” visão beatífica, ela continua a acompanhá-lo (agora de modo mais pleno) em sua peregrinação terrena, fortalecendo-o em sua missão profética.

    “A elas, nossas mães, o nosso afeto, o nosso carinho e o nosso amor: às vivas e aquelas que estão para além da vida.”

    Fique na paz de Jesus e na ternura do aconchego da Mãe Maria.

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  12. “O ANTES E O DEPOIS”, a mãe chora de alegria, ela chora de tristeza; ela consegue sorrir quando de seu coração sai lágrimas! Seus olhos conseguem enchergar além das montanhas e suas pernas fazem caminhadas exaustivas para socorrer sua cria! Ser mãe é estar no paraíso???Não… ser mãe é ser o paraiso! Feliz Dia Das Mães.

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  13. Bem aventurado o ventre que te gerou… e bem aventurado o seio que te amamento…voce tbem é mãe Leonardo Boff…

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